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O caminho da evolução - se fundir ao todo?


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As vezes eu fico num labirinto de perguntas meio filosóficas! Há um tempo, estive pensando sobre o ato de evoluir em si. Como eu não tenho muitas experiências próprias em projeção astral e ainda estou aprendendo muita coisa, acabo precisando dos conhecimentos das pessoas mais conhecidas nesse ramo, então li algumas obras espíritas, frequentei o Gnosis, li um pouco sobre teosofia, fiz parte do CEC do Moises, mas não faço mais, etc. O problema é que sempre tem pontos divergentes entre esses segmentos. Um fala uma coisa, outro fala outra coisa aí fico " e aí?" :-D  

Uma pessoa mandou uma pergunta para Moisés Esagui que achei engraçada e bacana, ela pergunta se "ser uma bola de energia trabalhando pra sempre é divertido?" Nesse vídeo, no final, ele responde assim "O nosso ego um dia deve desaparecer, porque enquanto a gente esta questionando tudo isso é porque nós temos ego, e talvez a gente se integre à energia total e deixe de existir como uma fração, um segmento que está tentando aprender alguma coisa"

Já o tio Waldo tem um vídeo bem conhecido no youtube chamado Hipótese de Deus em que ele fala assim: "Agora veja, no oriente querem fazer aquilo mais fácil para poder dominar o povo, então eles falam que vai chegar num certo ponto e você se dissolve no todo, não existe isso, não há dissolução porque seria irracional. O princípio consciencial tem aquele trabalho miserável durante milênios que a gente nem sabe quanto foi, decalhões de anos, e de uma hora pra outra perde tudo? Que besteira, na hora que está mais inteligente ele some? então para que a inteligência?"

Vocês conhecem outros pensadores da espiritualidade que apoiem ou refutem alguma dessas ideias? Eu pessoalmente acho que Waldo está mais correto do que Moisés. Na verdade tem muita coisa que eu discordo do posicionamento de Moisés, mas não vem ao caso. 

Obrigada desde já :)

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Não sei se o que escreverei abaixo terá alguma utilidade para você, mas, vá lá....

........................

 

1 hora atrás, Jéssica Souto disse:

"Agora veja, no oriente querem fazer aquilo mais fácil para poder dominar o povo, então eles falam que vai chegar num certo ponto e você se dissolve no todo,

O que ajuda a dominar o povo é ocupar tempo das tertúlias, que deveriam focar em espiritualidade, para ler trechos da revista veja falando mal de seus desafetos politicos. Falar sobre essas abstrações em nada ajudam a dominar o povo, porque não tem implicações práticas na vida de ninguém. Os manipuladores sobem no púlpito, na época de eleições, e dizem "deus me mostrou que este  candidato é um representante das trevas", ou " o pensene dele é muiot baratroférico".

Há quem acredite...

 

1 hora atrás, Jéssica Souto disse:

eles falam que vai chegar num certo ponto e você se dissolve no todo...O princípio consciencial tem aquele trabalho miserável durante milênios que a gente nem sabe quanto foi, decalhões de anos, e de uma hora pra outra perde tudo?

Sobre isto, leia a explicação do Robert Bruce sobre as cópias independentes durante a projeção, pode te ajudar a pensar sobre a questão divisão-reunião com a Fonte:

http://www.viagemastral.com/forum/index.php?/topic/17032-textos-do-robert-bruce/

Depois considere  uma analogia:  de que cada um de nós é uma cópia imperfeita da Fonte Única. Ao voltarmos ao corpo, no final da projeção, as cópias se integram, embora cada uma tenha tido um aprendizado diferente: uma delas ficou sonhando, outra ficou projetada, a memória mais forte é que prevalece, mas.... mesmo que você esqueça o que fez na projeção, ainda assim, FEZ algo, que terá repercussões, terá feito amigos ou inimigos, por exemplo, e isso pode afetar sua vida dali para frente...

......................

O problema dessas afirmações do Waldo é que ela parte de uma premissa errada, e aí tenta criticar essa premissa usando algum argumento que pareça lógico. Ou seja, o sujeito entende tudo errado, e quando enxerga o erro, ele próprio aponta o dedo e diz "isto aqui ó, não tem lógica". É a mesma coisa que eu dizer " eu não creio em céu, porque não tem lógica você passar uma vida toda sofrendo para evoluir, para no final ficar o resto da eternidade só lá parado, tocando harpa"

Parece lógico...mas por que ele acha que isso define "céu"? Por que ele acha que teria "apenas uma coisa para fazer" (tocar um instrumento musical)? Por que, se ele acha que se fato fôssemos fazer apenas isso, seria harpa, e não flauta, violão. etc??? Entende? A pessoa INVENTA  "o absurdo & suas propriedades", e depois diz "não aceito isso porque é absurdo", ehehe. A culpa é dele, que definiu as características desse absurdo da maneira que ele escolheu. Como regra geral os defensores de  um tipo de idéia abstrata não são tão simplistas quanto os críticos dessa mesma idéia. Em geral os críticos nunca entenderam a idéia que criticam, são como as pessoas que juram que reencarnação "não tem lógica", porque "eu não vou pagar pelos erros do espírito que incorporou em mim" ,kkkkk

Jéssica, esses assuntos filosóficos servem só para entreter a mente e discutir sexo dos anjos.

Seja lá o que acontece alguns níveis acima destes em que vivemos e nos quais podemos ter experiências físicas astrais, mentais... isso não vai mudar pelo fato de as pessoas saberem o que há, ou construírem outras opções que parecem "mais lógicas" para a mente da terceira dimensão. Na verdade seria estranho que nós, com nossa percepção bem limitada, fôssemos capazes de elaborar alguma explicação para os planos que estão bem acima de nós, não acha? Tem coisas daqui do físico, uma meta projetiva para aquela noite, por exemplo,  que deixam de ser importantes no momento que você levanta do corpo, em  astral. Imagine então especular acima desse planos, tentando entender ou julgar como pode ser uma existência fora da mente fora do ego, fora dos planos da forma.

Só quem esteve lá e voltou para contar pode dizer como é, por isso cada doutrina tem explicações diferentes, porque cada uma teve fundadores com capacidades mais ou menos desenvolvidas que os outros. Por isso não tem como decidir-se sobre quem tem razão, mas uma boa dica é preferir as explicações que fazem afirmações mais abrangentes, porque as mais restritas em geral indicam que quem as fez não conseguiu nunca ir acima de um certo nível de descobertas.

O risco é que o cara que explica mais longe seja um maluco delirante, e por isso foi tão longe na FANTASIA. Mas, como em geral esse tipo de explicação nunca vai se refletir em decisões práticas na sua vida cotidiana, tanto faz se o delirante esbarrou na verdade, por metáforas, ou se viajou na maionese completamente. Sua missão de vida ainda será  tornar ESTA SUA VIDA FÍSICA a melhor oportunidade de lapidação psicológica, de crescimento interior, que você conseguir, em função de suas forças e sua compreensão sobre sua natureza interior.

.........................

Eu não tenho como te indicar UM pensador sobre isto ou aquilo, ´você tem que conhecer várias idéias e formar sua própria síntese, aquilo que parece fazer sentido para você. Se fizer sentido abraçar apenas uma doutrina, beleza, se não fizer, vai dar mais trabalho.

Aqui nestes dois tópicos eu procurei ao responder perguntas específicas, dar uma visão geral de algumas coisas, conforme o que entendi até hoje, não sei se te será útil para alguma coisa.

http://www.viagemastral.com/forum/index.php?/topic/18297-união-com-o-criador-segundo-a-cabala/

http://www.viagemastral.com/forum/index.php?/topic/17843-projeção-astral-vs-reencarnação/&page=5#comment-80300

Mas se gosta dessas especulações acho que o melhor caminho é se focar no estudo da Cabala, Teosofia, e talvez o Budismo. Bota tudo num liquidificador durante alguns anos e depois veja o que vai nascer disso, em termos de compreensão intuitiva dessas coisas. Mas as "experiências práticas" não te ajudarão nisso,porque "prática", na área da espiriutalidade, costuma ser prática astral, clarividência, etc. e isso tudo são habilidades que funcionam num nível muito baixo, que não tem como apreender as respostas para o tipo de pergunta que você tem. Prática como a projeção astral são como um "materialismo avançado", porque você ainda estará presa ao mesmo tipo de raciocínio que o materialista usa para decidir o que existe ou não existe. O tipo de resposta que você procura só poderia ser obtida por meditação, porque como se trata do abstrato, acima dos planos da forma, é algo que só pode ser alcançado pela percepção intuitiva, sem usar os veículos da forma né?

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20 minutos atrás, sandrofabres disse:

Mas se gosta dessas especulações acho que o melhor caminho é se focar no estudo da Cabala, Teosofia, e talvez o Budismo

E Yoga e Vedanta. ;)

21 minutos atrás, sandrofabres disse:

O tipo de resposta que você procura só poderia ser obtida por meditação, porque como se trata do abstrato, acima dos planos da forma, é algo que só pode ser alcançado pela percepção intuitiva, sem usar os veículos da forma né?

É o que defende a Yoga, medite até atingir seu Asamprajnata Samadhi e você terá essas respostas, ou seja, medite até se tornar um iluminado um Yogi, um Buddha.

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1 hora atrás, Jéssica Souto disse:

Já o tio Waldo tem um vídeo bem conhecido no youtube chamado Hipótese de Deus em que ele fala assim: "Agora veja, no oriente querem fazer aquilo mais fácil para poder dominar o povo, então eles falam que vai chegar num certo ponto e você se dissolve no todo, não existe isso, não há dissolução porque seria irracional. O princípio consciencial tem aquele trabalho miserável durante milênios que a gente nem sabe quanto foi, decalhões de anos, e de uma hora pra outra perde tudo? Que besteira, na hora que está mais inteligente ele some? então para que a inteligência?"

Bem, essa é minha humilde opinião.

O Criador é Tudo que Existe. O objetivo da Criação é Ele se experimentar através de infinitas partes. Seu aprendizado e a sua visão são o aprendizado e a visão do próprio Criador. Você é o próprio Criador. A distinção entre as entidades e o Criador é uma ilusão. Tudo é uma Unidade. Veja isso como cada parte do Criador ser independente para fazer suas escolhas e evoluir através delas. Nenhum aprendizado é perdido porque a informação retorna ao Criador. Perto do fim dessa jornada, quando a refusão dimensional estiver próxima, as entidades terão a própria visão infinita do Criador. Não há nada a perder porque você já é. Suas experiências são apenas etapas para se lembrar disso.

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 Brahmajala Sutta (DN 1) - A Rede Suprema. Todos aqueles que especularem sobre o passado ou sobre o futuro irão desenvolver idéias que se encaixam nos sessenta e dois modos expostos pelo Buda neste discurso. Todas essas idéias refletem esperanças e aspirações que têm como origem o contato entre as seis bases dos sentidos internas e externas. Por sua vez, o contato condiciona a sensação, que por seu turno conduz ao apego e a um novo ciclo de renascimento e morte. Mas o Buda superou tudo isso e todos os sessenta e dois modos de entendimento incorreto são capturados na sua rede suprema.

http://www.acessoaoinsight.net/sutta/DN1.php

 

12-23. “’Brahma; tendo diretamente conhecido a água como água ... fogo como fogo ... ar como ar ... seres como seres ... devas como devas ... Pajapati como Pajapati ... Brahma como Brahma ... os devas do Abhassara como os devas do Abhassara ... os devas do Subhakinna como os devas do Subhakinna ... os devas do Vehapphala como os devas do Vehapphala ... o Senhor Supremo como o Senhor Supremo ... o todo como todo, e tendo diretamente conhecido aquilo que não participa na totalidade do todo, eu não reivindico ser o todo, eu não reivindico estar no todo, eu não reivindico estar separado do todo, eu não reivindico que o todo é “meu”, eu não afirmo o todo. Portanto, Brahma, com relação ao conhecimento direto eu não estou simplesmente no mesmo nível que você, como então poderia eu saber menos? Na verdade, eu sei mais do que você.

24. “’Estimado senhor, [se você reivindica ter diretamente conhecido] o que não participa na totalidade do todo, que a sua declaração não resulte ser vã e vazia!’

25. “’A consciência desprovida de atributos,
Ilimitada,
E toda luminosa: [14]
que não participa da solidez da terra, que não participa da liquidez da água ... que não participa da totalidade do todo.’

http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN49.php

 

[Nota 1 - Verso 60] Samsara: o perpétuo ciclo dos seres de vida em vida, o ciclo vicioso do nascimento, morte e renascimento, para o qual os Budistas aspiram dar um fim. O renascimento não é visto pelos budistas como uma continuação da vida, mas sim como uma perpetuação da morte. Nós somente renascemos para morrermos de novo. “Vida eterna” é uma ilusão. A vida não é nada além de nascimento, envelhecimento e morte. Sua continuidade não é bem vista por um Budista. A meta Budista é o “imortal” ou “não-morte”, que é a única realidade possível, mas que é bastante diferente de "vida eterna". O Imortal, Nibbana, não é alcançado através do renascimento, mas através do fim dos renascimentos. Nibbana não é a aniquilação da "existência" ou do “ser”; porque, “ser” ou “existência” são apenas ilusões. Nibbana é o dissipar da ilusão de “ser” e o abandono do apego à ela.

http://www.acessoaoinsight.net/dhp/dhp5.php#N1

 

"Existe, bhikkhus, o que não nasceu - o que não é - o que não é fabricado - o que não é condicionado. Se não existisse o que não nasceu - o que não é - o que não é fabricado - o que não é condicionado, não haveria a situação na qual a emancipação do nascido - do que é - do fabricado - do condicionado seria discernida. Porém precisamente porque há o que não nasceu - o que não é - o que não é fabricado - o que não é condicionado, a emancipação do nascido - do que é - do fabricado - do condicionado é discernida."

-- Ud VIII.3

Onde as estrelas não brilham,
o sol não é visível,
a lua não aparece,
a escuridão não é encontrada.

E quando um sábio,
Um brâmane através da sabedoria,
compreendeu isso de modo direto,
então do material e do imaterial,
do prazer e da dor,
ele está libertado

-- Ud I.10 

http://www.acessoaoinsight.net/caminho_liberdade/nibbana.php

 

:D...

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7 horas atrás, Iogui disse:

E Yoga e Vedanta. ;)

É o que defende a Yoga, medite até atingir seu Asamprajnata Samadhi e você terá essas respostas, ou seja, medite até se tornar um iluminado um Yogi, um Buddha.

 

O que se pode fazer para ter um verdadeiro Samadhi ? 

Quem alcança um Samadhi ?     Iogui é um codinome para Yogi , rsrs Vc já alcançou seu samadhi ?

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8 horas atrás, Ashram disse:

O que se pode fazer para ter um verdadeiro Samadhi ? 

Aprenda a meditar. O Samadhi é atingido no momento em que você consegue estabelecer uma concentração plena no objeto da meditação por uma quantidade de tempo determinada de forma estável sem que pensamentos no plano de fundo da sua mente fiquem vindo a tona. Segundo Vivekananda, se você conseguir manter esse estado de atenção plena por 12 minutos ininterruptos você atingiu dharana (a concentração plena propriamente dita), se você mantiver esse estado por mais 12 minutos você atingiu dhyana (o estado meditativo), conseguiu manter por mais 12 minutos você está em Samadhi.

A partir daí é preciso se desenvolver no estado de Samadhi, pois primeiro de atinge o Samprajnata Samadhi (O estado meditativo em que a consciência do Yogi mantém sua natureza, sua personalidade, seu senso de eu) e depois com mais prática de atinge o estado de Asamprajnata Samadhi em que o Yogi em que a personalidade não mais está presente em senso do mundo, a discriminação e a reflexão. 

Extraído dos Yoga sutras de Patanjali:

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vitarkavicārānandāsmitārūpānugamātsaṃprajñātaḥ [PYS - 1.17]
- Cognitive meditation is accompanied by reasoning, discrimination, bliss and the sense of 'I am.'

virāmapratyayābhyāsapūrvaḥ saṃskāraśeṣo'nyaḥ [PYS - 1.18]
- There is another meditation which is attained by the practice of alert mental suspension until only subtle impressions remain.

 

8 horas atrás, Ashram disse:

Quem alcança um Samadhi ?

Quem treina meditação o suficiente para alcançar os estados acima descritos.

8 horas atrás, Ashram disse:

Iogui é um codinome para Yogi , rsrs Vc já alcançou seu samadhi ?

Yogi significa "iluminado" ou "uno com Deus", "integrado" ou ainda "desperto".

Iogui é só um apelido que tenho desde a época da adolescência e é uma corruptela de um nome de um personagem dos desenhos animados companheiro de um super herói conhecido no Brasil como mini-mini ou super Mini ou algo assim que passava na Record.

Não eu ainda não alcancei meu Samadhi. Ainda estou me esforçando para obter dharana... rs

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Não vou ficar repetindo o que meu amigos já disseram hehehe. Eles estão certos, eu tentei te dar um toque no outro tópico sobre essas diferenças, mas acho que falei de um jeito desnecessariamente complicado.

São três níveis de experimentação, e de "aquisição do conhecimento". Um puramente físico/animal onde ainda assim é possível conhecer do espiritual, pois você extrai conhecimentos da interação e observação da natureza e do corpo. O segundo é o psiquico, que é onde as escolas da Gnose (seja do Samael, seja escolas rosa-crucianas como a que o Samael saiu, na verdade são neognosticas), e essas "moderninhas" da Projeciologia atuam, não tem nada de novo nisso apesar da roupagem... os conhecimentos, como foi dito, são obtidos através de habilidades psiquicas, exploração astral (de mundos externos e internos), clarividência, entre outros nomes diferentes que podemos dar para coisas muito semelhantes.
E o terceiro nível, que é o espiritual ou pneumático, onde você busca experiência direta nesses planos mais elevados de consciência, como foi dito através da Yoga, Cabala, Tantra (seja hinduista ou budista), que são/contém métodos místicos (existem outros ainda, estou falando do arroz com feijão).

As escolas normalmente trabalham com só um dos tipos. Ou com uma mistura dos dois primeiros. Eu acredito fortemente que quando a coisa é progressiva funciona melhor, até porque cada um dos níveis que citei possuem um grau de trabalho diferente sobre o ego, e que EU acho que seria interessante que fosse progressivo. Até porque se o sujeito quer entrar num nível onde ele ainda não dotou de capacidades para entender ele acaba metendo os pés pelas mãos... A cabala tem planos diferentes, já vi gente que entendia os planos como sendo lugares que existem separados, como se fossem níveis do paraíso rsrs.. o rapaz materializou a Jerusalém celestial. :P Na minha visão esse rapaz não passou legal pelo nível físico de entendimento, ele não entendeu a natureza.
Para trabalhar no terceiro nível você precisa abrir mão da literalidade, senão você vai começar a acreditar que a arca de Noé existiu de verdade por exemplo, aí você está andando para trás ao invés de ir para frente. É um nível de experimentação, tanto quanto o nível psiquico, só que as vezes as pessoas se perdem em ficar conversando sobre o trabalho ao invés de fazer o trabalho... e aí fica parecendo que somos teóricos do sexo dos anjos rs. Não é bem assim.

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A tradição védica gira em torno dessa questão. Tenho alguns links bons para estudo sobre isso. Colocarei um estudo logo abaixo e irei editando esse post com outros estudos acima.

 

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A HERMENÊUTICA VEDANTISTA DA NÃO DUALIDADE E BHAKTI* por Lúcio Valera (Lokasākṣi Dāsa)

Bhakti-Rasa Vedānta: Núcleo de Estudo e Informação·Segunda, 13 de junho de 2016

Podemos encontrar na tradição religiosa e filosófica do Sanātana Dharma (Hinduísmo) duas correntes de pensamento distintas, mas complementares, para a obtenção da meta última da existência, que seria a transcendência das dualidades da existência material (mokṣa ou mukti): uma enfatizando o caminho do conhecimento (jñāna) e a outra o da devoção (bhakti), como elementos determinantes de seus métodos soteriológicos. Ambos os caminhos buscam autoridade hermenêutica para suas respectivas teorias de salvação no que é conhecido como os três prasthānas, ‘pontos de partida’, que são os três textos canônicos mais importantes da filosofia hindu. Os três prasthānas são os seguintes de: (1) as Upaniṣad, que são os textos prescritivos (upadeśa prasthāna) ou ponto inicial da revelação (śruti prasthāna); (2) os Vedānta ou Brahma-sūtras, que é o texto lógico ou ponto de compreensão da tradição (nyāya prasthāna); e (3) a Bhagavad-gītā, que é o texto prático (sādhana prasthāna) ou ponto de recordação da tradição (smṛti prasthāna). Mas, as escolas de bhakti, adicionalmente, aceitam também a autoridade dos Purāṇas (como o Viṣṇu e Bhāgavata) e dos Āgamas (também conhecidos como Tantras).

As escolas que enfatizam jñāna afirmam que a libertação (mukti) é possível através do conhecimento correto do ‘si mesmo’ (ātma-jñāna) como não diferente da Divindade. Mas, para as escolas que enfatizam bhakti a libertação é obtida pela graça da Divindade (bhagavat prasāda) e é possibilitada por prapatti ou completa devoção e rendição a ele (Encyclopedia of Hinduism, 2011, Vol. IX, p. 141). Os seguidores das primeiras (jñāna), representados pelo Vedānta Advaita sustentam que unicamente o Absoluto Brahman é impessoal e a única realidade. Já os seguidores da escola bhakti, representados principalmente pelas tradições vaiṣṇavas, apesar de não discordarem da natureza não dual de Brahman, discordam quanto à natureza específica de uma não dualidade que exclua a diversidade.

Quanto ao Vedānta Advaita, a primeira exposição sistemática do não dualismo (advaita) hindu foi feita por Gauḍapāda (780 d.C.), o mestre do mestre (parama-guru) de Śaṅkara. Govinda foi discípulo de Gauḍapāda e mestre de Śaṅkara. Gauḍapāda lançou os alicerces do Vedānta Advaita em seu famoso Māṇḍūkya-kārikās. Mas foi Śaṅkara, em seus comentários sobre as principais Upaniṣads, o Vedānta-sūtra e a Bhagavad-gītā, que aprimorou e deu forma final à filosofia advaita, ‘não dualismo’ ou kevalādvaita, ‘não dualismo exclusivo’. Seu comentário sobre os Vedānta-sūtras é conhecido como as Śariraka-bhaṣya (Sivananda, 1997, p. 219). A doutrina metafísica do Vedānta Advaita afirma que Brahman é a única realidade, um sem um segundo (ekam eva advitīyam)[1] e que é por natureza existência, consciência e bem-aventurança (sac-cid-ānanda). A afirmação de que o ‘si mesmo’ (ātman) é o Brahman é a linha básica do Vedānta Advaita. Advaita significa literalmente ‘não dual’ e se refere à não diferença radical entre o ‘si mesmo’ individual (jīvātmā) e o ‘si mesmo’ universal (Paramātmā).

Śaṅkara, reivindicando a autoridade dos textos das escrituras, estabelece a doutrina de que esse Brahman é nirguṇa (sem qualidades) e nirviśeṣa (indeterminado) e que as almas individuais (jīvas) são em essência o Brahman, e que o mundo é nosso constructo do Real (Chari, 2004, p. 77). Sua filosofia pode ser resumida na seguinte afirmação: brahma satyaṁ jagan mithyā, jīvo brahmaiva nāparaha, “Brahman, o Absoluto, é real; o mundo é irreal; e jīva a alma individual não é diferente do Brahman”[2]. O mundo inteiro (jagat) é uma falsa manifestação de Brahman que devido à ignorância, é confundido com o próprio Brahman. Essa é a teoria do brahma-vivartavāda de Śaṅkara. Brahman é imanente em tudo, sendo autorrefulgente, autoevidente e a unidade transcendental do sujeito com o objeto. O Brahman é frequentemente descrito pela sua negação como neti neti, ‘isto não é, isto não é’ (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad, 4.2.4; 4.4.22; 4.5.15).

Śaṅkara ensina que Brahman é realizado exclusivamente pelo conhecimento (jñāna) e nunca pelo trabalho fruitivo (karma) ou devoção religiosa (bhakti), que para ele somente tem o valor de poder levar o praticante até jñāna. O processo prático ou caminho (sādhana) para a realização de Brahman implica renúncia (vairāgya) e meditação (dhyāna) nas grandes afirmações (mahā-vākya) das escrituras védicas, que afirmam a unidade de Brahman, tais como: tat tvam asi, ‘tu és como ele é’ (Chāndogya Upaniṣad, 6.6.7); ahaṁ brahmāsmi, ‘eu sou Brahman’ (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad, 14.10); sarvaṁ khalv idaṁ brahma, ‘todo este universo é Brahman’ (Chāndogya Upaniṣad, 3.14.1); prajñānaḥ brahma, ‘a sabedoria é Brahman’ (Aittareya Upaniṣad, 3.1.3); brahmedaṁ sarvam, ‘tudo é o Brahman’(Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad, 2.5.1); e ātmā idaṁ sarvam, ‘tudo é o Ātmā’ (Chāndogya Upaniṣad, 7.25.2).

A influência do pensamento de Śaṅkara foi determinante na história da filosofia e religião hindu, pois norteou os grandes mestres do Vedānta, tanto vaiṣṇavas como śaivas, e seus seguidores a escreverem comentários sobre o prasthānas e estabelecerem suas próprias filosofias, aceitando ou rejeitando parcialmente a filosofia advaita de Śaṅkara.

Não obstante a associação estreita da tradição bhakti com o conceito de uma divindade pessoal dentro do contexto realista de uma pluralidade do mundo, a noção de bhakti pode também, excepcionalmente ser associada a um tipo de devocionalismo impessoal que seja, portanto, compatível com a tradição advaita de Śaṅkara. Nirguna-bhakti – lit. ‘devoção a um objeto sem qualidades’ – referre-se precisamente às tradições de bhakti que estão de acordo como essas conclusões não dualista. Segundo Krishna Sharma:

“Devoção para o Brahman Nirguṇa talvez possa ser mais bem compreendido no sentido etimológico do termo bhakti como ‘participação’, ou seja, no sentido da devoção de uma alma individual para submergir-se e participar no ‘Todo alma’, o Brahman. A ideia de que o devoto e a deidade são axiologicamente separados e diferentes um do outro, não se apresenta nele. Nele tanto o ‘Eu’ como ‘Tu’ existem e funciona dentro do devoto no ato da devoção. Essa forma de devoção ou bhakti nirguṇa, merece a mesma consideração que o bhakti saguṇa. Bhakti saguṇa significa devoção para uma deidade pessoal; e bhakti nirguṇa, devoção para o Brahman Nirguṇa” (Sharma, 1987, p. 44-45).

O conceito de bhakti nirguṇa ou devoção para Brahman nirguṇa encontra-se presente na tradição advaita de Śaṅkara e em Madhusūdana Sarasvatī (séculos XVI e XVII d. C.) de uma forma proeminente (Pandeya, 1961). Mas é em Kabir (1440-1518 d.C.), um dos grandes poetas místicos ou santos-poetas da Índia medieval, que foi um dos gurus de Guru Nanak, um dos principais preceptores do Siquismo, que esse conceito se estabeleceu historicamente como parte do assim chamado Movimento Bhakti medieval. Os poemas de Kabir evidenciam a fusão entre o bhakti nirguṇa hindu e o Sufismo muçulmano. Kabir provavelmente foi influenciado pelo não dualismo (advaita) ­ de seu mestre Rāmānanda (séculos XIV e XV d.C.), que apesar de ser um vaiṣṇava da linha de Rāmānuja, havia adotado valores e conceitos monistas da escola dos Nātha-panthīs.[3]

Kabir utiliza a palavra bhakti ‘devoção’ em seu sentido genérico, apenas como um sentimento ou estado da mente. Segundo ele, a Divindade é nirguṇa, impessoal e sem nome. Apesar de chamar a Divindade por um nome, Kabir utiliza termos abstratos e impessoais como ātman, tattva e brahman. Kabir, com frequência, também utilizava em seus poemas o nome Rāma, mas invariavelmente ele o fazia em um sentido simbólico, para indicar alguma abstração. Segundo ele, a verdade sobre o Brahman nirguṇa pode ser entendida por poucos, pelos poucos dotados de viveka, a faculdade de discriminação intelectual (Sharma, 1987, p. 196).

Kabir representa um estágio definitivo na tradição nirguṇa, que foi e tem sido uma constante na história religiosa e intelectual da Índia. Sua linha de pensamento influenciou a muitos, como Guru Nānak, Raidās e outros, e não deve, contudo, ser confundida e vinculada com a dos bhaktas saguṇas tais como Jayadeva, Caitanya Mahāprabhu, Tulsīdās, Sūrdās, Mīrā Bāī, etc. (Sharma, 1987, p. 196).

Passamos agora para a tradição vaiṣṇava e sua ênfase em uma devoção (bhakti) a uma Divindade pessoal no contexto de um mundo real e plural. O vedānta vaiṣṇava, que se estabeleceu com os comentadores vaiṣṇavas da escola Vedānta, não apenas divergia da interpretação de Śaṅkara sobre o Vedānta, mas também entre si, em suas abordagens para determinar a relação existente entre as três realidades que todos eles, em comum, admitiam como sendo eternas: Deus, a alma e o mundo (Dube, 1984, p. ix).

Primeiramente a filosofia Viśiṣṭādvaita, ou ‘não dualismo qualificado’, de Rāmānuja da Śrī Sampradāya, foi sistematizada em contraste com a de Śaṅkara. Apesar de sua filosofia também ser um tipo de não dualismo (advaita), que considera a Divindade como a realidade única, difere do não dualismo de Śaṅkara por ser um não dualismo qualificado (viśiṣṭa), onde a matéria e o ser individual se relacionam organicamente com ele na forma de seus atributos. Rāmānuja admite a realidade do ‘si mesmo’ individual e da matéria e os integra como elementos constitutivos de uma realidade única e independente. Em outras palavras, não há diferença ontológica, mas sim diferenças de funcionalidade. A doutrina de um brahman exclusivamente impessoal, como no Advaita de Śaṅkara, é inconsistente com a realidade dos seres individuais e da matéria.

O Viśiṣṭādvaita aceita a Divindade como uma pessoa, mas pleno de qualidades infinitas e divinas. O Absoluto se identifica com o Deus da religião, adorado pelos seres humanos. Os sistemas que identificam Deus com o Absoluto, consideram-no como pessoal. Mas a personalidade da Divindade não está no mesmo nível que a humana. A personalidade humana é incompleta e finita, enquanto que a da Divindade, a personalidade suprema, é completa e infinita. A forma da Divindade é de śuddha-sattva (bondade pura), sendo ocasionalmente descrita como ‘sem forma’ (nirākāra) e ‘sem qualidades’ (nirguṇa). Com isso se pretende ressaltar o fato de que a Divindade não possui forma material nem é constituída pelas qualidades da matéria (guṇa). Sua forma não é feita pela combinação dos guṇas, ou seja, de rajas, sattva e tamas. Sua forma divina não pode ser concebida pelos órgãos dos sentidos externos, somente a consciência purificada pode concebê-la. Quando as escrituras descrevem a Divindade como ‘não é visto’ (adṛśya), ‘não é segurado’ (agrāhya) etc., significa que Ele não pode ser percebido por instrumentos ou sentidos materiais.

No Viśiṣṭādvaita, a Divindade é descrita tanto como ‘com qualidades’ (saguṇa) como ‘sem qualidades’ (nirguṇa). Isso não constitui contradição alguma em relação à natureza infinita de Deus. Ele é saguṇa no sentido de todas as qualidades auspiciosas constituírem a sua natureza essencial e nirguṇa no sentido de rajas, sattva e tamas não constituírem sua essência. Os textos das escrituras que definem Brahman como sem atributos negam unicamente o que é inauspicioso. Entre os atributos da Divindade, ‘existência’ (sat), ‘consciência’ (cit), ‘bem-aventurança’ (ānanda), ‘pureza’ e outros, determinam Sua natureza essencial e transcendental. Já os atributos como ‘onipotência’, ‘onisciência’, ‘onipresença’, etc. são aplicados nos atos da criação, manutenção, proteção, compaixão, salvação etc.

Rāmānuja considera que a meta última da vida é a comunhão intima com a Divindade, não a fusão absoluta e homogênea da identidade da alma na existência da Divindade, como advoga o advaita de Śaṅkara. Ele tentou reconciliar o ‘dualismo’ (dvaita) e o ‘não dualismo’ (advaita) em uma forma de ‘monismo-dualista’ (bhedābheda).

A ideia de diferença-na-identidade não agradava a Madhva, o pioneiro da segunda grande escola vaiṣṇava do Vedānta. Sua filosofia é denominada dvaita ‘dualismo’ ou śuddha-dvaita ‘dualismo puro’. Para Madhva, da Brahmā Sampradāya, o pluralismo é inevitável se quisermos estabelecer um sistema realmente teísta. Qualquer sistema que aceite a graça divina como meio último de salvação tem que estabelecer a diferença entre Deus e os seres individuais. Madhva, portanto, tentou estabelecer um sistema que aceita Deus como pessoal, qualificado e completamente diferente das almas individuais e do mundo material. Assim, ele descreve três entidades: (1) parameśvara, o Senhor Supremo; (2) jīvas, as almas individuais; e (3) jagad, o mundo material. Essas três entidades são essencialmente diferentes umas das outras. Delas a primeira, o Senhor Supremo, é svatantra, ‘independente’ e as demais são paratantra, ‘dependentes’. O que é mais vital nesse conceito é o da independência de Deus. Ele traçou uma distinção bem definida entre o independente e o dependente. O próprio nome ‘dvaita’, dado a sua filosofia, deve-se a esse conceito ontológico. Tal dependência, segundo Jayatīrtha (discípulo de Madhva), deve ser compreendida como significando dependência de uma substância com relação à outra, quanto à existência, conhecimento e atividade. Unicamente Deus ou Viṣṇu é independente, sendo que a alma individual e o mundo são dependentes dele. A ideia básica presente na distinção da realidade em dependente e independente, está na categoria de ‘diferença’. Esse é o conceito fundamental que alicerça toda e estrutura da filosofia de Madhva. A libertação (mokṣa) é considerada a meta última da vida (puruṣārtha) e a devoção (bhakti) do dependente pelo independente o meio supremo de realizar a Divindade.

O pioneiro da terceira grande escola vaiṣṇava do Vedānta, Nimbārka (1125-1162 d.C.), sistematizou a Kumāra Sampradāya e estabeleceu a teoria do dvaitādvaita, ­ ‘dualismo não dualista’. Ele contesta o Vedānta Advaita de Śaṅkara por discordar que alguém possa nutrir devoção por um ser indeterminado e sem atributos. Em sua filosofia, a devoção (bhakti) ocupa uma posição importante. Para se alcançar a graça divina e libertação a pessoa necessita realizar que a Divindade está investida de inumeráveis qualidades auspiciosas. Em sua opinião, a Divindade, Brahman, é Kṛṣṇa. Ele é desprovido de sattva, rajas e tamas. Ele possui qualidades auspiciosas como onisciência, onipotência e outras. A Divindade possui um corpo espiritual eterno, porque sem corpo não poderia criar e entrar no mundo. Seu corpo não é o produto do karma como o corpo humano, sendo, portanto, indestrutível.

No dvaitādvaita a realidade é de dois tipos: ‘independente’ e ‘dependente’. A Divindade é o único ser independente que é auto existente e autocontrolado. Ele não depende de nada de forma alguma. De outro lado o ser individual e o mundo são seres dependentes. Eles são controlados por Deus. Possuem poderes limitados e são inferiores a Deus. A visão de Nimbārka sobre dvaitādvaita é diferente do viśiṣṭādvaita de Rāmānuja. A principal diferença entre eles é que, segundo Rāmānuja, diferença é um atributo da unidade, já para Nimbārka tanto a identidade como a diferença têm o mesmo status de realidade. Para ele a diferença não é secundária.

O pioneiro da quarta grande escola vaiṣṇava do Vedānta é Vallabha (1473-1531 d.C.). Ele sistematizou a Rudra Sampradāya e estabeleceu a teoria do śuddhādvaita ‘não dualismo puro’, que afirma ser o Brahman das Upaniṣads o Kṛṣṇa do Bhāgavata Purāṇa. Kṛṣṇa só pode ser alcançado pelo devoto por meio do caminho de puṣṭi-bhakti. Puṣṭi significa literalmente ‘nutrição’ – a nutrição espiritual que um devoto recebe quando Deus lhe concede a sua graça (Vivekjivandas, 2010, p. 150). O caminho de puṣṭi-bhakti, ou puṣṭi margā, impele o devoto a desenvolver sentimentos de servidão (dāsya-bhāva), de amizade (sākhya-bhāva), de amor conjugal (mādhurya-bhāva) e de amor parental (vātsalya-bhāva). Dentre eles, o sentimento supremo é vātsalya-bhāva. O devoto se considera como mãe ou pai da de Kṛṣṇa, vendo-o como um bebê, Bāla-mukunda, que é a deidade adorável da Vallabha Sampradāya. Ele oferece sua devoção, seu amor e sua atenção para a mūrti (forma da deidade) de Kṛṣṇa criança.

A filosofia śuddhādvaita de Vallabha estabelece Paramātmā ou Parabrahman como a realidade suprema e independente. O universo surge de Parabrahman, assim como centelhas que surgem de um grande fogo. As almas individuais (jīvas) e a natureza material (māyā) são suas manifestações e partes (aṁśa). O Parabrahman torna-se todas as coisas por meio de sua māyā-śakti. Mas essas manifestações são todas reais e não ilusórias. Parabrahman se manifesta como: (1) antaryāmi, residindo em todos os seres como o controlador interno; (2) akṣara-brahman, que é a causa de toda existência que aparecendo em três formas, kāla, o tempo, karma, as ações, svabhāva, a natureza inerente das coisas e (3) puruṣottama, a pessoa suprema Kṛṣṇa. É somente por devoção pura a Kṛṣṇa que o jīva recebe sua graça e se liberta do corpo material para alcançar a sua morada divina Goloka. Deus abençoa a alma abrigando-a em sua morada, onde ela desfrutar eternamente de bem-aventurança pela associação e deleite em Kṛṣṇa (rāsa-līlā). Vallabha ensina que ao se realizar Brahman através do conhecimento (jñāna) o devoto é absorvido na dimensão criadora de Brahman (akṣara-brahman) e não na sua dimensão pessoa de Kṛṣṇa (puruṣottama): é unicamente através de bhakti que Puruṣottama Kṛṣṇa permite ser alcançado e concede a sua companhia de prazer eterno em Goloka.

O pioneiro da quinta escola vaiṣṇava do Vedānta é Caitanya Mahāprabhu (1486-1533). Ele estabeleceu a escola vaiṣṇava gauḍīya do Vedānta[4] e sua teoria de acintya-bhedābheda ‘inconcebível diferença e igualdade simultânea’. Historicamente essa escola associa-se com a de Mādhva e recebe, desse modo, o nome de Mādhva-Gauḍīya Sampradāya. Mas devido a certas divergências filosóficas com o Mādhvismo, deve ser considerada uma escola independente. Caitanya Mahāprabhu não escreveu os seus ensinamentos, mas aceitou os ensinamentos do Bhāgavata Purāṇa como sendo os seus próprios, bem como sendo a interpretação natural dos Vedānta-sūtras. Seus principais intérpretes foram Jīva Gosvāmī (1511-1596), autor do Ṣaḍ-sandarbha, e Baladeva Vidyābhūṣana (1700), autor do Govinda-bhāṣya. Na tradição de Caitanya Mahāprabhu, considera-se que Deus (īśvara), as almas (jīvas), e a natureza (prakṛti) são reais e, de uma forma inconcebível pela razão (acintya), são simultaneamente iguais e diferentes.

Para Jīva Gosvāmī, a concepção de uma Divindade qualificada, em contraste com o Brahman indeterminado do Vedānta advaita, baseia-se no famoso verso do Bhāgavata Purāṇa: vadanti tat tattvavidas tattvaṁ yaj jñānam advayaṁ brahmeti paramātmeti bhagavān iti śabdyate, “Videntes conhecedores da Realidade absoluta (tattva) chamam essa substância não dual (advaya) de Brahman, Paramātmā e Bhagavān[5]. Esse verso expressa como a Realidade absoluta pode ser compreendida diferentemente como Brahman, o Ser impessoal onipresente, Paramātmā, a superconsciência localizada em todos os seres e Bhagavān, a Personalidade Suprema da Divindade.

A ênfase exclusiva de Śaṅkara na identidade e na unidade, bem como sua doutrina que vê o Brahman como a única realidade, o mundo e as almas como aparências ilusórias, não é aceita pelos seguidores de Caitanya Mahāprabhu. Para eles, as três realidades constituída por Deus, as almas e o mundo, são inseparáveis, mas ao mesmo tempo distintas uma das outras. Deus é imutável e suas potências (śakti) se manifestam enquanto almas e mundo. A distinção entre elas é tão importante quanto sua identidade. Segundo Caitanya, nem a categoria da identidade nem a categoria da diferença pode expressar adequadamente a relação existente entre Deus, a energia ilusória (māyā) e o universo. Conscientes da dificuldade lógica de reconciliar a identidade com a diferença no mesmo ponto de vista, os seguidores de Caitanya Mahāprabhu consideram que seria ‘inconcebível’ (acintya) conhecer essa relação. Essa singularidade epistêmica os distingue das outras escolas do Vaiṣṇavismo.

Jīva Gosvāmī rejeita o conceito de duas realidades, uma independente e outra dependente, proposta por outras escolas vaiṣṇavas, como a de Mādhva. Rejeitando essa distinção, ele aceita Deus como uma realidade não dual (advaya). As almas e o mundo seriam śaktis ou potências da Divindade e nesse sentido inseparáveis dele. As almas têm o livre arbítrio de viver sua essência espiritual ou desfrutar dos prazeres do mundo material. Quando realizam a natureza perecível dos prazeres mundanos e se abrigam no serviço devocional (bhakti-seva) ao Senhor, elas podem compreender a sua natureza eterna como servos de Deus e se libertar da existência material temporária.

NOTAS:

* Texto adaptado de: “A mística devocional (bhakti) como experiência estética (rasa): Um estudo do Bhakti-rasāmṛta-sindhu de Rūpa Gosvāmī” / Lucio Valera. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Instituto de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião, 2015.

[1] Chāndogya Upaniṣad, 6.2.1.

[2] Viveka-cūḍāmaṇi, 20, ?.

[3] O Nātha-pantha, de Gorakhanātha, foi um dos movimentos de ascetas mais popular no período medieval, ativo em diferentes partes da Índia, entre os séculos XI e XV d.C. Sua influência pode ser encontrada na escola śaiva dos Vīra-śaivas ou Liṅgāyatas (Sharma, 1987, p. 181, n. 1).

[4] O termo gauḍīya de refere aos seguidores de Caitanya Mahāprabhu bem como à região da Bengala, que abrange o estado da Bengala Ocidental, na Índia e o todo de Bangladesh. Segundo Prabhupāda, utiliza-se esse termo porque Caitanya Mahāprabhu propagou a sua missão a partir dessa região, que então era conhecida como Gauḍadeśa (Caitanya Caritāmṛta, Adi. 1.19; Prabhupāda, 1984, Vol. 1.1, p. 31).

[5] Bhāgavata Purāṇa, 1.2.11.; Prabhupāda, 1995, Vol. 1, p. 113)

BIBLIOGRAFIA:

CHARI, S. M. Srinivasa. Advaita & Viśiṣṭādvaita: A study based on Vedānta Deśikā’s Śatadūṣaṇī, Delhi: Motilal Banarsidass, 2004.

DUBE, Manju. Conceptions of God in Vaisnava Philosophical Systems. Varanasi: Sanjay Book Centre, 1984.

ENCYCLOPEDIA OF HINDUISM. RAO, K.L. Seshagiri (edit.); KAPOOR, Kapil (edit.), 11 Vols. New Delhi: Rūpa & Co., 2010.

PANDEYA, Janardana Shastri. Śrībhaktirasāyanam, de Madhusudana Sarasvatī. Edição com a ṭikā do autor e o anuvāda em híndi. Varanasi: Motilal Banarsidass, 1961.

PRABHUPĀDA, A.C. Bhaktivedanta Swami. (trad.) Śrī Caitanya-caritāmṛita: The one volume edition. Hong Kong: Bhaktivedanta Books Ltd, 1984.

______. (trad.) Śrīmad Bhāgavatam. 19 Volumes, São Paulo: Bhaktivedanta Book Trust, 1995.

SHARMA, Krishna. Bhakti and the Bhakti Movement: A New Perspective. New Delhi: Munshiram Manoharlal Publishers, 1987.

SIVANANDA, Sri Swami. All About Hinduism. Garhwal: The Divine Life Society, 1997.

VIVEKJIVANDAS, Sadhu. Hinduism: An Introduction - Part 1, Ahmedabad: Swaminarayan Aksharpith, 2010.

 

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