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O hábito é uma método de aprendizado ou puro vício ?


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Se eu começo a direcionar minha intenções em se aperfeiçoar em determinada tarefa, eu considero isso o cultivo de um hábito. Porém, ao mesmo tempo parece ser um vício que se torna gradualmente natural.

Embora pareça muito válido, eu consigo sentir uma "veia" que facilita demonstrarmos nossas aptidões sem necessidade de cria hábito algum. Não sei até onde isso está certo ou errado, mas o hábito para melhorar um conduta só me parece um caminho mais longo.

Eu posso dar como exemplo o banho. Existem pessoas que saem do banho e fazem a gente sentir uma baita atração e felicidade simplesmente pelo aroma do banho que a pessou tomou. Mas isso não parece tarefa fácil, o impulso que tenho é de ir perguntar: como vc tomou seu banho ?

Pois, por mais que eu ou outros pessoas se perfume em um banho, o resultado não é o mesmo. 

Enfim, isso é puro hábito ou consequência de uma elevação espiritual ? Ou simplesmente uma maneira de pensar ?

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Na perspectiva budista (e hinduísta em geral), as virtudes que nós, pessoas comuns, não-iluminadas, cultivamos por repetição, seja essa repetição deliberada ou não, ainda são samskaras, ou seja, "marcas mentais", que é a base do karma. A ideia básica é que não somos ainda seres de fato livres, na prática, pois agimos quase sempre de maneira reativa e automática, de acordo com a personalidade, com suas aversões e apegos, desejos e medos, com um senso de eu (ou self) e de mundo que são ilusórios -- o que comumente se chama de ego e de maya, respectivamente.

Se você começar a meditar, por exemplo, uma das coisas que deve perceber, com o tempo, é como tem emoções e sobretudo pensamentos compulsivos, que vêm à mente como que por conta própria, sem que você procure instigá-los. E que, mesmo quando tenta evitá-los, eles ainda tendem a vir à tona. Num passo seguinte, começa a se dar conta de que o mesmo ocorre no dia-a-dia, e que esses impulsos comumente são os verdadeiros guias das suas ações e o foco da sua atenção. Um ser liberto, iluminado, seria basicamente um que superasse essa ilusão e esses condicionamentos. Num tal ser, o que consideramos virtudes -- como a compaixão, a equanimidade, o discernimento, o bem-estar -- floresceriam de maneira totalmente natural, como resultado inevitável de uma visão mais ampla e profunda do que é a vida, por assim dizer, e além disso elas seriam incondicionadas, independentes dos eventos do mundo, e permanentes.

Isso não quer dizer que cultivar virtudes seja negativo. O próprio Buda Xaquiamuni deu ensinamentos sobre moralidade, falou sobre ações virtuosas e não-virtuosas, etc. Isso é uma parte do que ele chamou de o nobre caminho óctuplo, que é o método budista básico para a liberação. Aqui, a ideia é que agindo de maneira virtuosa, mesmo que temporariamente ainda de um modo condicionado, você acumula méritos (karma positivo, em essência) e se coloca numa posição mais favorável às transformações que conduzem eventualmente à iluminação. No mínimo, acaba sofrendo menos no percurso, e é importante entender como a virtude conduz a bons resultados nessa fase.

Em suma, sob essa perspectiva, embora sejam sim vícios, são vícios positivos e parte do próprio método -- ou do aprendizado, como você disse. (Repare que qualquer hábito é um tipo de vício, e apenas reservamos esta última palavra para os hábitos que consideramos prejudiciais, ou seja, é só semântica.)

Em abordagens específicas o enfoque pode ser outro. No Zen, por exemplo, geralmente se focam menos virtudes e mais o reconhecimento direto da sua natureza primordial. É um caminho mais voltado, digamos, para o trabalho interior do que para os resultados que trabalhos mais exteriores (como o serviço, a prática da caridade) acabam por ter sobre o interior. (Na linguagem dos meios esotéricos, a primeira abordagem seria mais um caminho de mão esquerda, mais explicitamente autocentrado, e o segundo, de mão direita. A maioria dos budistas segue o se chama o caminho do meio, tentando balancear as duas coisas.)

Por fim, sim, é possível acessar essas qualidades da mente búdica de maneira mais espontânea, e na verdade isso já acontece, intermeado com as reações condicionadas. É bom que você reconheça isso. Na verdade, no budismo se ensina que sua natureza já é perfeita, que o buda que você vai se tornar, na verdade, sempre esteve lá, e é apenas uma questão de reconhecê-lo e liberá-lo.

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