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CONSCIÊNCIA, RESPIRAÇÃO E O DESBLOQUEIO DOS SENTIDOS


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CONSCIÊNCIA, RESPIRAÇÃO E O DESBLOQUEIO DOS SENTIDOS

PEDRO TORNAGHI

Ao conseguirmos perceber a vida sem a interferência da mente poderemos dizer que atingimos um estado de consciência meditativa.

Todas as técnicas de meditação das mais diversas linhas foram desenvolvidas para propiciar esse estado de percepção, mas nenhuma técnica é por si só a meditação.

Para o indiano, a vida foi criada do encontro de Purusha (o espírito imanifestado – a essência) com Prakriti (a natureza palpável - o manifestado). Vivemos com consciência do reino palpável e inconscientes de nossa parte imanifestada.

Purusha é a força organizadora por trás da matéria e está presente em todos os nossos momentos e atos. Cada um de nós tem uma contraparte pessoal no reino do imanifestado, o nosso “Purusha Individual” que testemunha tudo o que fazemos no mundo material quando praticamos técnicas que nos leva a meditação – podemos dizer que é a nossa dimensão imanifestada – nossa essência, enquanto nos relacionamos com o mundo cotidiano.

Muitas técnicas foram criadas para facilitar esse estado de consciência, algumas se utilizam de mantras, outras da respiração, de trabalhos com chakras, com as artes, com a música e de diferentes posturas físicas e atitudes mentais e emocionais. Mas, há algo que é fundamental e que está presente nas mais diversas técnicas: o ato de “testemunhar” o aqui e o agora. Esse testemunhar nos deixa sintonizados com o nosso “Purusha” e facilita com que progressivamente nos desidentifiquemos de nossa mente para podermos enxergar mais nitidamente a realidade.

Quando nos tornamos afinados com o nosso “Purusha” perceberemos a sua atividade em nós no dia-a-dia com a “arte de testemunhar”

A mente vive de linguagens aprendidas no passado e no presente. Como nos identificamos com o que pensamos, estamos sempre nos furtando da nossa experiência com o “imanifestado – a essência”. A mente vive fundamentada em crenças. Cremos que somos de uma determinada religião, torcedores de algum time de futebol, de alguma tendência política, e vamos com essas idéias e convivências criando uma atitude de pertencer a um grupo. Geramos com isso uma falta de percepção de nós mesmos e vamos perdendo a chance de nos encontrar com o nosso “Purusha Interior- nossa verdaeira essência” . Ao praticarmos técnicas que nos leva ao estado meditativos vamos aos poucos diluindo nossas couraças, libertando-nos da estreiteza de visão e revelando a nossa capacidade de nos percebermos tal qual somos.

Na maior parte de nossas vidas nos contentamos em pensar que a nossa posição social reflete o nosso “ser” quando na verdade vestimos máscaras de personagens para vivermos um momento presente, dando muitas vezes, uma falsa impressão de que se deixássemos de exercer esse personagem, continuaríamos “ser” o que na verdade não acontece. Procuramos adjetivos para nos qualificar: sou um bom filho, um bom pai, um bom funcionário, um bom profissional... mas, se perco minha mãe ou meu emprego percebo o quanto frágil se tornou o meu “ser”. Então começamos a perceber que somos algo mais do que filho ou funcionário ou profissional ! Nossa mente nos faz acreditar que quando preparamos nosso corpo fazendo ginástica, alimentação equilibrada estamos nos cuidando bem. Mas, se perdermos um braço ou ambos e até nossas pernas, perceberemos que continuaremos a ter nossa “essência” nos mostrando desta forma a certeza que existe algo mais por trás de uma máscara ou de um personagem.

Dentre os muitos caminhos para “desmontarmos” as idéias cristalizadas acerca de nós mesmos, existem as técnicas baseadas na respiração. A respiração é uma companheira interessante que carregamos conosco, mas não a usamos em todo o seu potencial. Algumas das funções de nosso corpo são ativadas com o nosso comando consciente. Por exemplo, posso pedir ao meu braço que se levante e pegue a xícara de chá para mim, posso pedir às minhas pernas que se movam, e me levem para a rua. Outras funções vitais, como a digestão ou os batimentos do coração, que nos acompanham diariamente, acontecem de forma independente de nossa vontade consciente. A respiração em parte pode ser controlada pela vontade consciente e em parte é independente dela. Posso decidir respirar profunda e lentamente, posso prender o ar ou não ao final de uma inspiração. Isso eu posso decidir, mas não posso pedir ao meu pulmão que pare de respirar até que eu morra.

A respiração se situa entre o mundo da vontade consciente e o nosso universo inconsciente, que funciona independente de nossa mente. Por isso, ela se torna uma ponte valiosa entre o que conhecemos e a parte que desconhecemos em nós. Pela respiração podemos num primeiro momento acalmar a mente e isso é muito valioso para que possamos nos tornar livres dela. Não conseguimos nos jogar de um trem em velocidade, mas, de um trem lento, conseguimos saltar até com um certo conforto e confiança. A mente é um trilho do trem, nossa consciência “total” é o outro trilho. Os dois andam sempre paralelos, parecem que se encontram no horizonte, mas, se você chega perto do horizonte, percebe que eles não se encontram nem no infinito. Para conhecer essa outra dimensão da consciência, é necessário saltar do trilho da mente. Nesse ponto, a respiração já começa a ajudar, aquietando-a.

Após aquietar a mente, é preciso desobstruir e ampliar os sentidos, para que a percepção possa ficar clara e abrangente. Para isso existem as práticas de técnicas para desbloquear a visão e audição, que além de desobstruírem esses sentidos, os prepara para perceber o mundo interno.

As práticas dessas técnicas além de afinarem o foco da atenção externa, permitem perceber com nitidez cada vez maior o universo interno. Aos poucos, uma revolução sem precedentes acontece. Podemos experimentar momentos da maior liberdade que um homem pode experimentar: a liberdade da própria mente, o estado meditativo.

Durante a viagem da vida, se a mente é como um dos trilhos do trem e a consciência plena o outro, a lucidez dos sentidos internos torna cada respiração um dormente que liga - a cada entrada e saída do ar - um trilho ao outro. Qualquer dormente desses pode servir como ponte entre a consciência comum e a extraordinária, inclusive na respiração que você está fazendo nesse momen

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