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FIGUEIRA - TRIGUEIRINHO (Alguém já foi???)


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Oi Marco,

Nossa, que depoimento forte o da Corina, né!! :o

Realmente, essa coisa de comunidade é muito complexa...temos que nos avaliar interiormente para saber o motivo real de querermos viver num lugar desses...podem ser tantos os motivos...fuga? auto-conhecimento? interiorização? aprendizado? idealização do mundo? da vida?...afinal, é sempre uma busca interna... mas busca do quê? o que será que falta dentro de nós, e pq não nos sentimos completos? Será que existe mesmo a necessidade de nos isolarmos do mundo para sermos felizes, ou a felicidade está dentro de nós mesmos, seja no lugar em que estivermos? :roll: (pessoalmente, acredito mais nessa última hipótese)

São muitos os questionamentos, mas o nosso objetivo é um só: EVOLUIR. E que cada um busque o melhor caminho pra si pra poder alcançá-lo...e tvz tenhamos que passar por muitas experiências (e muitas vidas) até lá.

gde abç! ::R

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Pessoal olha o que achei num site, sobre depoimentos sobre FIGUEIRA

http://criandoarealidade.com.br/crencas ... cordia-ii/

http://criandoarealidade.com.br/crencas ... ordia-iii/

e outros relatos: vc lê no site

Continuando o relato da funesta, mais atual, viagem à Figueira, quero introduzir o tema dos erros, esperando que não se deixe de ter em mente que o verdadeiro ponto é a questão da Redenção, do Amor e da Misericórdia tão pregados e ao mesmo tempo tão ausentes por lá.

Depois da palestra, uso toda a boa vontade e intenção para dar atenção apenas ao essencial positivo e resolvo ficar. Me indicam um banheiro de água quente cujo chuveiro estava programado para frio e eu não alcançava para mudar. Depois de já ter tirado a roupa sem ter onde pendurar nada, resolvi transcender o horror que tenho de banho frio em pingos finos e tomei banho assim mesmo, entregando sempre.

Após servir-me de algumas folhas, única coisa que considerei comestível no que tinha disponível, nos reunimos num círculo orando e tivemos uma caminhada até a borda da mata onde entoamos mantras. Olhava para o céu e agradecia por estar alí, lugar onde acreditava minha Luz poderia ser incentivada, apesar do barulho dos caminhões na Fernão Dias. Antigamente participei, com Trigueirinho de ofertas de si feitas ao plano nas madrugadas ao ar livre, coisas raras, para uns poucos.

Fui me recolher, pois solicitam que às 20:30 as luzes estejam apagadas. Apostei na cura e deitei na parte de baixo do beliche minúsculo. Quiseram as hierarquias que eu ficasse só no alojamento apesar de todos os beliches do quarto. Tenho horror a dormir com outras pessoas e não vejo nada mais inadequado para cura do que dormidas numa exposição tão grande à aura e energia dos demais. Coisa de hospital público. A princípio, me parecia impossível conseguir ficar alí. Pensei na hipótese de ter outra pessoa acima, numa cama que parecia repousar sobre meu peito. Conseguiria me imaginar numa situação destas se fosse vítima de um furacão e tivesse que agradecer por ter sido alojada num estádio de esportes. Num centro espiritual, não.

Passei a noite em claro, orando e dei graças quando afinal o sino tocou às cinco da manhã. Perderam a chave do lugar onde se ora e fizemos a oração ali na varanda que serve de refeitório. Fomos às primeiras tarefas e eu me dei conta, que não havia avisado à faxineira que não deveria ir pois esquecemos de deixar o cadeado do portão aberto para que ela pudesse entrar. Queria poupar a ela todo o esforço que teria de fazer para chegar até lá.

Terminada a tarefa, ainda faltavam uns minutos para a próxima oração e sentei no alojamento para ligar o celular e avisar à coitada que não deveria ir. No meio dos tres minutos ou menos que durou a conversação a porta se abre sem nenhum aviso e uma cara bem feliz de ter visto o flagrante olha pra mim e sai. Sabia que algo aconteceria. Desliguei o celular e fui ler os avisos do quadro, que ainda não havia tido tempo de ler.

Lá estava, em meio aos outros papéis, um de normas dizendo, entre outras coisas, que celulares não eram permitidos nem como despertador. Não usava celular em Figueira (como não uso em meu quarto nenhum aparelho eletrônico) por uma consciência de que a vibração do mesmo, não é boa e porque, obviamente, vai-se para lá com a intenção de desligar-se do mundo exterior. Nunca havia visto escrito em lugar nenhum que não podia, nem havia sido informada.

Enfim, uma pessoa que conhecia de outros tempos guiou os mantrans com muita devoção e centramento e qual não é minha surpresa que em meio ao enlevo que esta coligação interna causa, o tal guardião começa a falar sobre o incidente do celular. Olhei firmemente para ele e para a pessoa que dedurou a história, mas ambos baixaram a vista. Aguardei terminar aquela preleção raivosa de que, quem tivesse que usar celular fizesse isto “porteira afora”, pois lá eles não poderiam impedir, mais em nenhuma parte da fazenda.

Senti o impacto da reação e da raiva dele, como se um crime tivesse sido intencionalmente cometido em solo sagrado. Calei, o que não costumo fazer hoje em dia, em nome do local de oração e da coligação que estava sentindo. Pensei, nas ondas de rádio, de TV, de celular que cruzam o espaço, inclusive aquele, todo o tempo. Avaliei se a forma totalmente inadequada de lidar com uma possível falha não intencional não foi muito mais contaminante do que qualquer ligação de celular.

Enfim, fiquei tentando perdoar as falhas humanas, me perguntando porque a criatura que bisbilhotou não me avisou, simples e amorosamente que não poderia usar celular. Estou tentando esquecer o assunto e esperando a distribuição das tarefas seguintes, quando senta junto a mim uma mulher que ainda não tinha visto, dizendo que queria me reafirmar que alí não se permitia o uso do celular, também naquele tom duro e raivoso próprio de quem tem que controlar a raiva o tempo todo e faz de conta que não sente.

Daí minha raiva aflorou. Tenho pavor de injustiça, de inverdade, de gente que julga sem querer saber dos fatos e condena a priori e justifica com falsidade. Também tenho pavor de gente que subestima a inteligência alheia e pensa que dissimulação e frases ocas é forma aceitável de lidar. Disse a ela que já havia sido informada, que compreendia perfeitamente a proibição ao uso do celular, mas que achava a forma com que o assunto fora tratado muito inadequada, pois bastaria que a pessoa que entrara para olhar, tivesse me avisado (a dita ia chegando perto, sorrindo com aquele riso de deixemos isto pra lá pois só fiz o meu dever). Ela, que depois achei era a coordenadora do lugar, apelou então para velho clichê de que eu não deveria reagir com meu ego. Ela perguntou se eu já havia estado em Figueira, pois achou que só quem nunca foi teria coragem de reagir assim.

Disse a ela que todos ali tinham ego, que eles têm uma forma muito inadequada de tratar dos assuntos e que a conversa estava encerrada. Como ela já havia descido até ao ponto de mentir para justificar a segunda intervenção ao crime, calou.

Nesta altura minha inteligência perguntava até quando eu encontraria desculpas e justificativas, para continuar alí. Limpei banheiros, varri chão, lavei chão. Lembrava de minha casa silenciosa e harmônica, onde posso orar, meditar, escrever, ajudar ao próximo, conectar-me e irradiar o melhor. Agradeci pela vida que posso ter, e eu que faz tempo não oro pedindo nada pessoal, pedi que pudesse continuar tendo o privilégio de ter a vida que tenho.

A vida comunitária pode parecer benéfica, mas é apenas karma coletivo, como em qualquer empresa, família, repartição pública. Comunidades espirituais são lugares de desiludidos, fracos, desajustados e doentes. Abro a excessão para aqueles iludidos e esperançosos que conseguem acreditar naquilo por algum tempo ou já estão lá tempo demias para conseguir sair. Achava que comunidade espiritual e centro de cura seria aquele lugar que facilitaria o encontro com sua Luz e não suas sombras. Entretanto como terapeuta deveria saber que grupo incentiva sombra, como nas terapias e que nada pode ser corrigido quando se afirma o outro clichê imbecíl de que se vê no outro o que tem em si.

Este outro clichê é muito apreciado lá, mas claro só é aplicado quando alguém, ainda considerado visitante, pergunta a razão do comportamento de residentes: ex: desta vez tive o prazer de presenciar a seguinte pergunta feita na palestra: “porque algumas pessoas em Figueira gostam de exercer o mando?”. Apesar de desajeitada a pergunta da pessoa e da resposta ser óbvia, é uma pergunta que deveria servir de alerta em qualquer lugar, imagina numa comunidade espiritual. Enfim ouço como resposta o velho clichê de que a pessoa deveria, em lugar de observar os demais, olhar para si… Etc…

Bom, finalisando mais esta parte, decidi que para mim era o bastante, que eu não queria contribuir com nada daquilo e chegava de estar lavando chão enquanto os outros pisavam com pés sujos de barro. A perspectiva da continuação das tarefas da tarde me fizeram andar ao sol terrível do meio dia, mandei uma mensagem para meu marido que queria ir embora e em vinte minutos, esquecendo minha toalha e meu molleton preferidos saíamos da Figueira, ambos em estado de choque.

Paramos na Venda do Chico, onde a gentileza das garçonetes nos relembraram que ainda tem gente boa no mundo. Bom, lamentei não ter conversado um pouco mais com uma pessoa de Maceió, muito gentil que conheci há muito tempo, a quem disse que ia embora e a deixei meio atônita. Tenho como princípio, respeitar as normas mesmo que não concorde com elas e evitar lugares cujos princípios sejam incompatíveis com os meus, entretanto em nenhum momento deixaria de telefonar para minha faxineira, pois acho que o respeito por ela era mais importante que a proibição do uso do celular.

Lembrei do tempo em que a Figueira considerava internet coisa do Mal e se recusava a usar este instrumento. Do mal ou do bem hoje eles usam, pois talvez tenham chegado à conclusão brilhante de que o conteúdo e não o instrumento em si, pode ser qualificado desta forma. Poderiam talvez treinar pessoas capazes para avaliar as situações em lugar de transformar aquilo num presídio.

Aliás a Figueira me lembra uma clínica clandestina ou um hospital que fosse aberto sem médicos ou enfermeiras qualificados e empregasse qualquer voluntário para fazer cirurgias e medicar os enfermos. Lá é assim: como não há gente qualificada, qualquer incauto que se ofereça está servindo. Não tem engenheiro, o pedreiro mesmo faz a casa, não tem administrador, o peão mesmo dirige a empresa.

Escrito por: Corina Dhom Carvalho

E EU QUE ESTAVA PENSANDO EM PASSAAR UM TEMPO LÁ EM FIGUEIRA, GRAÇAS A DEUS EU ACHEI ESTE TÓPICO rsrsr :pal:

Eu procurava sobre Figueira esses dias e axei esse depoimento ai, confesso que nas primeiras paginas fiquei meio desanimado, pois estava com uma visao muito boa de lá. Porém conforme fui lendo o resto foi vendo que essa pessoa faz criticas totalmente sem fundamentos e com uma grande disposição para desmoralizar o local. Tem uma parte que ela diz que as pessoas que moram lá sao pessoas fracas, que nao conseguiram vencer nada vida e bla bla bla (nao exatamente nessas palavras). Depois ela fala que nao abriria mao disso e aquilo (futilidades) para ficar la. Pelo que eu entendi, ela é uma pessoa que nao condiz com aquele estilo de vida. Se vc manda uma pessoa materialista, consumista, carnivora, e totalmente egocentrica para lá, é obvio que nao vai gostar e tem uma grande chance de falar mal depois (nao que seja exatamente o caso dela). Porém eu li outros relatos e agora estou participando de um grupo de orações da minha cidade, em que todos ja foram para Figueira (menos eu, ainda). A Sahaja fez um diario com os relatos de sua estadia lá e é muito legal. Eu fiquei com muito mais vontade de ir depois que o li, pois a experiencia foi muito bacana e ela descreveu bem.

Creio que lá pelo fim do mes ou no comecinho de Agosto eu estarei indo, aí depois eu conto aqui o que achei.

Valeuu

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  • 2 months later...

Nossa! que legal...tenho muita vontade de ir lá um tempo, me indica!!! hehehe

eu estou começando minhas projeções agora, tenho muito oque aprender. e deve ser bom aprender com eles algo que não se ve nos centros urbanos, sou de Belo Horizonte, e tem muito tempo que nao saio daqui preciso de algo como isso... ahhh e a sua projeção foi bacana eim, acho que essas projeções que temos grandes emoções são bem mais marcantes!

abraços

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  • 6 months later...

Olá pessoal,

então eu e minha esposa somos frequentadores de FIGUEIRA já há 8 anos. E já moramos em Carmo da Cachoeira para ficar mais próximo do trabalho espiritual que acontece lá.

O que posso relatar é um pouco da nossa ótica, o que muda de acordo com a percepção, necessidade e momento de cada um.

Figueira na nossa concepção, é a maior escola espiritual que existe hoje no planeta. Aqui, a convivência é pautada pela disciplina, silêncio (que na verdade é um estado de consciencia e não o mudismo), oração e serviço.

São várias fazendas espalhadas pela cidade, na área rural. Cada uma delas com uma energia e tarefa diferente. Tem áreas que focam mais o serviço, outras que tem uma coligação grande com a Consciência Indígena, outras de maior silêncio interior, enfim...

Em Figueira tudo é gratuito para os frequentadores (hospedagem, transporte, alimentação, biblioteca, banhos e procedimentos terapeuticos,etc. A contra-partida disso é a nossa oferta de serviço voluntário. Ou seja, as áreas tem inúmeras necessidades como: limpeza (banheiros, quartos, varandas, cozinhas, pátios), jardinagem, plantio, preparo de alimentos, cozinha, etc. Geralmente os Coordenadores das áreas anunciam que "precisam de 6 pessoas para preparar o almoço", daí espera que 6 individuos se prontifiquem até preencher as vagas. Isso pode mudar de acordo com cada coordenador, mas em geral é assim que acontece.

Existem os Residentes (pessoas que já residem há anos), colaboradores estáveis (pessoa que quer se tornar residente) e os colaboradores esporádicos. Além disso, tem os monges que conduzem algumas áreas, mas em regra geral constituem os monastérios (áreas exclusivas aos monges para orações contínuos e ininterruptas). Os monges usam vestimentas.

De uns tempos pra cá, Figueira tem aderido cada vez mais a alguns preceitos cristãos, pois segundo dizem, as Hierarquias tem solicitado a unificação de religiões nestes momentos de transição planetária.

Aqui, ninguém é obrigado a nada. Mas existe uma sintonia subliminar de todo o grupo se conduzir por igual. Por exemplo, se a maioria senta pra fazer oração, se você não vai, talvez se sinta um pouco fora de sintonia com o grupo, então a força grupal aqui é muito forte, o que as vezes pode ser negativo de acordo com cada um.

Custumo dizer sempre o seguinte: "devemos seguir o ensinamento do mestre (Trigueirinho, mesmo com várias ressalvas*) e não a conduta dos residentes ou frequentadores. Afinal, muitos que estão em Figueira não sabem viver de forma fraterna e em irmandade, tornando o ambiente muitas vezes um pouco seco e ríspido.

Com relação às ressalvas que coloquei, acho que todo o ensinamento aqui é válido, apesar de focar um pouco nas coisas negativas. Por exemplo, geralmente é dito: "não cumprimos nem 30% da nossa tarefa aqui na terra", "os tempos finais estão chegando e nós continuamos inertes", "ou a gente se ascende ou vai sofrer muito quando a transição se iniciar", etc...as vezes nossa auto-estima fica baixa, o que para nós não é muito positivo.

MAS, para MUITOS, inclusive nós a um tempo atrás, era MUITO importante, para conseguirmos nos espiritualizarmos mais, orarmos mais, termos uma maior conexão com os reinos da natureza, etc.

Sobre fanatismo, existe sim um pouco por parte de alguns. E isso acaba contagiando todo o grupo. Muitas vezes tudo que é dito e ensinado, fica só na teoria.

Mas temos também que lembrar que em Figueira, assim como em outras religiões e grupos é constituída de SERES-HUMANOS com todos os seus defeitos, histórias, etc...então não esperem encontrar um lugar SANTIFICADO. Pois não é, mas as pessoas buscam.

Em uma partilha que fomos uma pessoa perguntou: "Para que as pessoas vão à Figueira?" Resposta do Trigueirinho: "Para aprender a amar". E esse foi nosso processo. Não sei se aprendemos a amar como deveria, mas demos um grande passo em direção a isso.

Para concluir, acho que aqui é parte do caminho de qualquer pessoa que busca evoluir espiritualmente. E esse foi nosso caminho por 8 anos.

Agora agradecemos pelo que vivemos e seguiremos nosso caminho, tendo absorvido o que é positivo e descartado o que é negativo. Ou seja, a ESCOLA ESPIRITUAL que tivemos lá foi ESSENCIAL para nós.

Espero que tenha ajudado a todos!!! Boa sorte!!!

E SEMPRE siga a instrução do único e VERDADEIRO MESTRE - O SEU EU INTERNO ou EU SUPERIOR, enfim sua CONSCIENCIA.

Entrem no site www.comunidadefigueira.org.br para conhecer melhor o trabalho de Figueira.

E no site www.irdin.org.br podem acessar todas as partilhas que são dadas em Figueira.

Luz a todos!!!!

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  • 11 years later...
On 7/7/2011 at 12:44 PM, Marco Aurélio said:

Pessoal olha o que achei num site, sobre depoimentos sobre FIGUEIRA

http://criandoarealidade.com.br/crencas ... cordia-ii/

http://criandoarealidade.com.br/crencas ... ordia-iii/

e outros relatos: vc lê no site

Continuando o relato da funesta, mais atual, viagem à Figueira, quero introduzir o tema dos erros, esperando que não se deixe de ter em mente que o verdadeiro ponto é a questão da Redenção, do Amor e da Misericórdia tão pregados e ao mesmo tempo tão ausentes por lá.

Depois da palestra, uso toda a boa vontade e intenção para dar atenção apenas ao essencial positivo e resolvo ficar. Me indicam um banheiro de água quente cujo chuveiro estava programado para frio e eu não alcançava para mudar. Depois de já ter tirado a roupa sem ter onde pendurar nada, resolvi transcender o horror que tenho de banho frio em pingos finos e tomei banho assim mesmo, entregando sempre.

Após servir-me de algumas folhas, única coisa que considerei comestível no que tinha disponível, nos reunimos num círculo orando e tivemos uma caminhada até a borda da mata onde entoamos mantras. Olhava para o céu e agradecia por estar alí, lugar onde acreditava minha Luz poderia ser incentivada, apesar do barulho dos caminhões na Fernão Dias. Antigamente participei, com Trigueirinho de ofertas de si feitas ao plano nas madrugadas ao ar livre, coisas raras, para uns poucos.

Fui me recolher, pois solicitam que às 20:30 as luzes estejam apagadas. Apostei na cura e deitei na parte de baixo do beliche minúsculo. Quiseram as hierarquias que eu ficasse só no alojamento apesar de todos os beliches do quarto. Tenho horror a dormir com outras pessoas e não vejo nada mais inadequado para cura do que dormidas numa exposição tão grande à aura e energia dos demais. Coisa de hospital público. A princípio, me parecia impossível conseguir ficar alí. Pensei na hipótese de ter outra pessoa acima, numa cama que parecia repousar sobre meu peito. Conseguiria me imaginar numa situação destas se fosse vítima de um furacão e tivesse que agradecer por ter sido alojada num estádio de esportes. Num centro espiritual, não.

Passei a noite em claro, orando e dei graças quando afinal o sino tocou às cinco da manhã. Perderam a chave do lugar onde se ora e fizemos a oração ali na varanda que serve de refeitório. Fomos às primeiras tarefas e eu me dei conta, que não havia avisado à faxineira que não deveria ir pois esquecemos de deixar o cadeado do portão aberto para que ela pudesse entrar. Queria poupar a ela todo o esforço que teria de fazer para chegar até lá.

Terminada a tarefa, ainda faltavam uns minutos para a próxima oração e sentei no alojamento para ligar o celular e avisar à coitada que não deveria ir. No meio dos tres minutos ou menos que durou a conversação a porta se abre sem nenhum aviso e uma cara bem feliz de ter visto o flagrante olha pra mim e sai. Sabia que algo aconteceria. Desliguei o celular e fui ler os avisos do quadro, que ainda não havia tido tempo de ler.

Lá estava, em meio aos outros papéis, um de normas dizendo, entre outras coisas, que celulares não eram permitidos nem como despertador. Não usava celular em Figueira (como não uso em meu quarto nenhum aparelho eletrônico) por uma consciência de que a vibração do mesmo, não é boa e porque, obviamente, vai-se para lá com a intenção de desligar-se do mundo exterior. Nunca havia visto escrito em lugar nenhum que não podia, nem havia sido informada.

Enfim, uma pessoa que conhecia de outros tempos guiou os mantrans com muita devoção e centramento e qual não é minha surpresa que em meio ao enlevo que esta coligação interna causa, o tal guardião começa a falar sobre o incidente do celular. Olhei firmemente para ele e para a pessoa que dedurou a história, mas ambos baixaram a vista. Aguardei terminar aquela preleção raivosa de que, quem tivesse que usar celular fizesse isto “porteira afora”, pois lá eles não poderiam impedir, mais em nenhuma parte da fazenda.

Senti o impacto da reação e da raiva dele, como se um crime tivesse sido intencionalmente cometido em solo sagrado. Calei, o que não costumo fazer hoje em dia, em nome do local de oração e da coligação que estava sentindo. Pensei, nas ondas de rádio, de TV, de celular que cruzam o espaço, inclusive aquele, todo o tempo. Avaliei se a forma totalmente inadequada de lidar com uma possível falha não intencional não foi muito mais contaminante do que qualquer ligação de celular.

Enfim, fiquei tentando perdoar as falhas humanas, me perguntando porque a criatura que bisbilhotou não me avisou, simples e amorosamente que não poderia usar celular. Estou tentando esquecer o assunto e esperando a distribuição das tarefas seguintes, quando senta junto a mim uma mulher que ainda não tinha visto, dizendo que queria me reafirmar que alí não se permitia o uso do celular, também naquele tom duro e raivoso próprio de quem tem que controlar a raiva o tempo todo e faz de conta que não sente.

Daí minha raiva aflorou. Tenho pavor de injustiça, de inverdade, de gente que julga sem querer saber dos fatos e condena a priori e justifica com falsidade. Também tenho pavor de gente que subestima a inteligência alheia e pensa que dissimulação e frases ocas é forma aceitável de lidar. Disse a ela que já havia sido informada, que compreendia perfeitamente a proibição ao uso do celular, mas que achava a forma com que o assunto fora tratado muito inadequada, pois bastaria que a pessoa que entrara para olhar, tivesse me avisado (a dita ia chegando perto, sorrindo com aquele riso de deixemos isto pra lá pois só fiz o meu dever). Ela, que depois achei era a coordenadora do lugar, apelou então para velho clichê de que eu não deveria reagir com meu ego. Ela perguntou se eu já havia estado em Figueira, pois achou que só quem nunca foi teria coragem de reagir assim.

Disse a ela que todos ali tinham ego, que eles têm uma forma muito inadequada de tratar dos assuntos e que a conversa estava encerrada. Como ela já havia descido até ao ponto de mentir para justificar a segunda intervenção ao crime, calou.

Nesta altura minha inteligência perguntava até quando eu encontraria desculpas e justificativas, para continuar alí. Limpei banheiros, varri chão, lavei chão. Lembrava de minha casa silenciosa e harmônica, onde posso orar, meditar, escrever, ajudar ao próximo, conectar-me e irradiar o melhor. Agradeci pela vida que posso ter, e eu que faz tempo não oro pedindo nada pessoal, pedi que pudesse continuar tendo o privilégio de ter a vida que tenho.

A vida comunitária pode parecer benéfica, mas é apenas karma coletivo, como em qualquer empresa, família, repartição pública. Comunidades espirituais são lugares de desiludidos, fracos, desajustados e doentes. Abro a excessão para aqueles iludidos e esperançosos que conseguem acreditar naquilo por algum tempo ou já estão lá tempo demias para conseguir sair. Achava que comunidade espiritual e centro de cura seria aquele lugar que facilitaria o encontro com sua Luz e não suas sombras. Entretanto como terapeuta deveria saber que grupo incentiva sombra, como nas terapias e que nada pode ser corrigido quando se afirma o outro clichê imbecíl de que se vê no outro o que tem em si.

Este outro clichê é muito apreciado lá, mas claro só é aplicado quando alguém, ainda considerado visitante, pergunta a razão do comportamento de residentes: ex: desta vez tive o prazer de presenciar a seguinte pergunta feita na palestra: “porque algumas pessoas em Figueira gostam de exercer o mando?”. Apesar de desajeitada a pergunta da pessoa e da resposta ser óbvia, é uma pergunta que deveria servir de alerta em qualquer lugar, imagina numa comunidade espiritual. Enfim ouço como resposta o velho clichê de que a pessoa deveria, em lugar de observar os demais, olhar para si… Etc…

Bom, finalisando mais esta parte, decidi que para mim era o bastante, que eu não queria contribuir com nada daquilo e chegava de estar lavando chão enquanto os outros pisavam com pés sujos de barro. A perspectiva da continuação das tarefas da tarde me fizeram andar ao sol terrível do meio dia, mandei uma mensagem para meu marido que queria ir embora e em vinte minutos, esquecendo minha toalha e meu molleton preferidos saíamos da Figueira, ambos em estado de choque.

Paramos na Venda do Chico, onde a gentileza das garçonetes nos relembraram que ainda tem gente boa no mundo. Bom, lamentei não ter conversado um pouco mais com uma pessoa de Maceió, muito gentil que conheci há muito tempo, a quem disse que ia embora e a deixei meio atônita. Tenho como princípio, respeitar as normas mesmo que não concorde com elas e evitar lugares cujos princípios sejam incompatíveis com os meus, entretanto em nenhum momento deixaria de telefonar para minha faxineira, pois acho que o respeito por ela era mais importante que a proibição do uso do celular.

Lembrei do tempo em que a Figueira considerava internet coisa do Mal e se recusava a usar este instrumento. Do mal ou do bem hoje eles usam, pois talvez tenham chegado à conclusão brilhante de que o conteúdo e não o instrumento em si, pode ser qualificado desta forma. Poderiam talvez treinar pessoas capazes para avaliar as situações em lugar de transformar aquilo num presídio.

Aliás a Figueira me lembra uma clínica clandestina ou um hospital que fosse aberto sem médicos ou enfermeiras qualificados e empregasse qualquer voluntário para fazer cirurgias e medicar os enfermos. Lá é assim: como não há gente qualificada, qualquer incauto que se ofereça está servindo. Não tem engenheiro, o pedreiro mesmo faz a casa, não tem administrador, o peão mesmo dirige a empresa.

Escrito por: Corina Dhom Carvalho

E EU QUE ESTAVA PENSANDO EM PASSAAR UM TEMPO LÁ EM FIGUEIRA, GRAÇAS A DEUS EU ACHEI ESTE TÓPICO rsrsr :pal:

Ola pessoal

Acabei parando nest forum pq eu estou comecando uma investigação sobre o Trigueirinho e Figueira.
Infelizmente muitos dos relatos desapareceram da internet, como o acima que eu só pude ter acesso por causa de um imenso pdf que eu encontrei.

Infelizmente, muitos dos relatos em outros post deste forum tb nao existem mais e mesmo com waybackmachine nao esta mais acessivel.
Mesmo com o nome da pessoa Corina Dhom Carvalho, eu nao consegui encontrar nada

Eu gostaria muito de entrar em contato com pessoas que conseguiram sair do culto de Figueira depois de ter morado lá.

Se quiser pode me mandar mensagem ou email pra iprofaulas3@gmail.com

 

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