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Adriano

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Everything posted by Adriano

  1. Eu tenho com alguma frequência esse tipo de experiência em que, num estado alterado de consciência entre a vigília e o sono, ouço por um breve período o que me parecem ser meus próprios pensamentos expressos pela minha própria voz, mas sem a sensação comum de que eu estou no controle desse pensar. Para mim, estou ouvindo claramente a minha mente, nada externo. O meu entendimento é de que é simplesmente minha mente funcionando de forma autônoma enquanto minha consciência vacila. A minha experiência com meditação já me sugere que a mente tem uma "vida própria" e que a nossa identificação habitual com ela é equivocada, como afirmam diversas tradições espirituais. É uma experiência interessante, pode ser um pouco chocante nas primeiras vezes, mas não acho nada "de outro mundo". Penso que vale observar e a partir daí levantar, pela própria experiência, esse tipo de reflexão sobre o ego, a inexistência de um eu unificado no ser humano comum, etc.
  2. Adriano

    Desabafo

    Concordo com o que os outros membros do fórum falaram. Uma sugestão pragmática é evitar esse tipo de assunto, quando surgir não discutir, e fazer o mínimo que esperam de você em termos de frequentar a igreja, etc. Isso até você conquistar sua autonomia, que não é só questão de maioridade legal, mas financeira, ter seu próprio espaço, etc. É chato, mas deve evitar maiores problemas. Tem pais que chegam a extremos de espancar os filhos, os expulsar de casa, e eu não conheço os seus, mas a meu ver existem preços a serem pagos provisoriamente que compensam problemas maiores. Note que durante boa parte da nossa história ocidental, as pessoas que não seguiam o credo dominante eram praticamente obrigadas a jogar esse tipo de jogo sob risco de acusação de heresia e penalidades que podiam ser até a morte.
  3. As atitudes deles são responsabilidades deles. Você pode não participar delas, não encorajá-las e, se tiver abertura para isso, conversar a respeito, expondo sua oposição com didatismo, a única forma que é propícia a produzir resultados. Eu não acho legal se meter onde não se é chamado, a não ser que o caso seja grave e peça uma intervenção mais drástica, o que também terá consequências mais drásticas e precisa, portanto, ser bem pensado. Recomendo que tenha cuidado para não ser julgamentosa/moralista, querendo impor seus padrões de comportamentos para os outros, no mínimo porque isso não costuma levar a lugar nenhum. Nos relacionamentos genuínos sempre há troca de experiências, e aí surge a oportunidade de você passar algo para eles, como também de receber. Se você não se sente bem na companhia deles, parece bem razoável se afastar, ou manter um convívio mais para a linha do social civilizado. A não ser que você se torne uma eremita, vai ter de conviver com os irmãozinhos e convém que essa convivência seja pacífica e minimamente construtiva, certo? Reflita sobre os motivos que a levam a querer ser próxima deles e os que a levam a querer se afastar. "Antes só que mal acompanhado" --- é um chavão, mas nem por isso menos verdadeiro. Algumas pessoas são mais extrovertidas e carentes e, quando desenvolvem certa sensibilidade e certo nível de criticidade, tendem a ter problemas de convívio, de manter relacionamentos antigos, etc. Tudo tem bônus e ônus, ora. Em algum momento você pode encontrar pessoas que tenham mais a ver com você, mas agora você está na faculdade e inevitavelmente vai ter contato com pessoas diferentes. A questão é o quanto você vai se aproximar delas, o quanto vai se deixar influenciar, que influência vai exercer. Acredito que o exemplo seja a melhor forma de transmissão, até porque, além de ser prático, traz uma certa "autoridade", em oposição, por assim dizer, ao que acontece com o típico pregador hipócrita. Você foi muito genérica na sua exposição. Como eles poderiam atrapalhar sua evolução espiritual? Os cenários que podem estar acontecendo são incontáveis, com eles podendo apenas ser carnistas enquanto você é vegetariana, por exemplo, até eles serem sociopatas consumados, o que não creio ser o caso. Pode ser algo muito bobo, como eles beberem álcool e você se abstêmia, entende? Por isso é difícil aconselhar de modo mais concreto.
  4. Entendo que você teve e tem uma vida muito difícil, que grande parte dessas dificuldades vem de fatores externos, sobre os quais você teve e tem pouco ou nenhum controle, porém em relação à sua vida romântica e sexual, em particular, são suas próprias preferências e restrições que lhe impõem a maior parte do sofrimento. Você afirma que só gosta de homens héteros, sendo um homem gay. Isso é uma incompatibilidade incontornável. Homens héteros, por definição, não curtem outros homens, sejam eles gays ou não. Seu poder de mudar esse fato é essencialmente nulo. O que você pode fazer é trabalhar suas preferências, seus desejos e aversões. Isso não só em relação a gostar exclusivamente de héteros, mas também ao tipo e ao nível de aparência física que você exige de um potencial parceiro. Basicamente todo mundo que encarna aqui tem algum tipo de complicação psicológica com sexo, a ponto de Freud, no início da psicanálise, acabar associando todo tipo de transtorno psicológico com alguma circunstância de natureza sexual. Quer dizer, você não está sozinho, se serve de consolo. Por outro lado, seu caso é especialmente grave porque você nunca esteve num relacionamento conjugal nem nunca fez sexo, apesar de ter 45 anos, nem parece ter perspectivas consideráveis de essa situação se reverter. Só para deixar claro, não penso que todo mundo precise de relacionamento conjugal e relação sexual para se sentir realizado, apesar de a nossa cultura provocar essa impressão. Só que, claramente, a maioria sente que precisa, e você não é uma exceção. Penso que seria proveitoso você desenvolver algum trabalho, de preferência com auxílio de um profissional, que passasse por auto-aceitação (da sua orientação sexual e da sua aparência física, em particular), porque o seu desejo parece se direcionar justamente àquilo que você percebe como sendo o oposto de você mesmo naquilo que você percebe de pior em si mesmo. Talvez algum tipo de terapia que envolvesse regressão, por exemplo, para retomar os momentos do seu passado (possivelmente na sua infância) em que esses conflitos surgiram. A maioria das pessoas amadurece de algum modo a sua atração romântico-sexual ao longo da vida, à medida que vai tendo experiências dessa natureza, se conhecendo e rompendo ilusões. Nós crescemos sob influência de um monte de mitos e pressões culturais em relação a essas coisas, e a maior parte das pessoas acaba influenciada de alguma forma, inclusive em relação aos complexos de culpa por preferências sexuais que não são bem aceitas socialmente. Existem limites práticos para o quanto cada um consegue transmutar do seu próprio desejo, mas, fora investir nisso, só vejo como saída a famigerada resignação. É importante entender que as nossas preferências, nossos desejos e aversões, fazem parte da personalidade, que é mutável, que é ego. Se ficássemos necessariamente presos a isso, não haveria possibilidade de evolução. O que somos em essência está além disso, então trabalhar a personalidade não é como uma automutilação ou algo que o valha. Nesse quesito romântico-sexual, em alguns casos a situação é muito pior que a sua, como é o caso da de um pedófilo, cuja execução do desejo sempre causa problemas. Aí o sujeito só pode mesmo é se resignar, e ir aos poucos se afastando desse quadro, de preferência com algum auxílio terapêutico. Sua situação, em contraste, é bem melhor. Hoje em dia, pelo menos nos países ocidentais, a situação para os gays está bem melhor.
  5. Eu moro numa metrópole e ainda assim noto uma discrepância significativa, quando não na quantidade de edifícios, na sua altura, feição, iluminação, etc.
  6. Pode ter sido uma forma-pensamento, por exemplo, ou só um delírio da sua mente mesmo, principalmente considerando que você estava próximo ao corpo, quando a lucidez tende, no geral, a ser prejudicada. Você não destrancou a porta física estando em astral, certo? No máximo, agiu sobre o duplo da porta. Mas isso é só um recurso que a sua mente encontrou para superar o obstáculo, porque no astral esse tipo de barreira não tem a solidez ou a mecanicidade que é própria do mundo físico. Você poderia ter atravessado a porta visualizando um portal, por exemplo. O procedimento de destrancar a porta com a chave é só a forma como temos de fazer no físico, e aí você reproduziu em astral. Falso despertar é quando você pensa que despertou no físico, mas na verdade ainda está projetado. Nesse caso, pelo que disse, você sabia que estava projetado (embora com uma lucidez aparentemente não muito alta), então não acho que caiba falar em falso despertar. Parece que ou você estava projetado mesmo e foi puxado de volta para o corpo, ou foi tudo só um sonho lúcido. Mas pode ser que eu não tenha entendido sua experiência da forma como você a narrou.
  7. Só quero observar que uma consciência mais sábia com que se estabelece contato pode respeitar naturalmente os nossos limites de entendimento e o nosso livre-arbítrio, não necessariamente está "seguindo ordens" quando limita as informações e conselhos que passa. Nós fazemos a mesma coisa na educação das crianças. A mesma pergunta, vinda de pessoas em estágios diferentes, recebe respostas diferentes. Isso pode ser simplesmente sabedoria da parte do instrutor, não necessariamente a adesão a um conjunto de normas que "vem de cima". Mas, claro, dependendo do grau evolutivo do espírito que se comunica, ele pode estar afiliado a um grupo que tem diretrizes muito específicas, pode ter de reportar diretamente a alguém de hierarquia superior, etc.
  8. Acho que é interessante ressaltar que existem duas acepções básicas em que a palavra lei é usada e que não devem ser confundidas. Uma é referente às regras de conduta dentro de uma coletividade, que são criadas e que se fazem cumprir por algum tipo de coerção. As leis de toda uma uma sociedade fazem parte dessa categoria, assim como, em menor escala, as normas do estatuto de uma associação fechada qualquer, as regras informais de convivência dentro de um dado ambiente, etc. A outra acepção faz referência aos princípios e padrões que regem fenômenos naturais, como quando se fala em leis científicas. Essas últimas não são criadas pelos homens e não precisam de coerção para se fazerem valer. Não faz sentido, por exemplo, discordar da lei da gravidade, ou se rebelar contra ela. É sábio entendê-la e se conduzir a partir desse entendimento, como quando decidimos se saltar de uma certa altura é conveniente ou não, ou como quando a usamos para o nosso próprio proveito, por exemplo, numa usina hidrelétrica. Quando se fala, no contexto de espiritualidade, em lei de amor, por exemplo, é no sentido da segunda acepção, quer dizer, algo natural, não imposto. Podemos pensar que ela surge de um entendimento profundo, vivencial, não puramente cognitivo, da não-separatividade dos elementos do mundo; de que o bem geral está associado ao bem de cada um, como o bem de cada um está associado ao bem geral. Esse entendimento pode ser tão profundo que transcende o mero raciocínio e chega à esfera dos sentimentos. Nesse ponto ela está se internalizando. Num mundo habitado por consciências ainda um tanto primitivas como é o nosso, tentamos criar regras de conduta moral e normas sociais que se harmonizem com a lei de amor, não pelo amor em si, que não pode ser imposto, mas pelos resultados favoráveis que são gerados para a coletividade quando o comportamento dos indivíduos não confronta essa lei natural. Não matar, não roubar, não caluniar, etc., são atitudes espontâneas para quem já opera de acordo com a lei de amor, mas que precisam ser impostas para o bem geral quando não são adotadas naturalmente pelos indivíduos. Pais que têm filhos que não são agressivos, que se respeitam, que têm maturidade para lidar com conflitos de maneira produtiva, que têm inteligência cognitiva e emocional para aprender com as experiências, não precisam criar regras como "não bater no irmãozinho", "respeitar a vez do irmãozinho", etc. Se surge uma ocorrência desse tipo, há um diálogo, é passado um ensinamento de por que nos comportamos desse jeito e não daquele, etc., e a criança vai amadurecendo, se desenvolvendo, e o seu comportamento adequado é um reflexo disso. Se os filhos são menos maduros, os pais chegam ao ponto de ter de criar regras explícitas, recordá-las periodicamente, estabelecer algum tipo de punição para o seu desrespeito, etc. Imagino que todos já tenham tido experiências de contato com famílias nas duas condições distintas. Os diversos mundos (planetas, dimensões, etc.) operam de acordo com a mesma lógica. Num mundo com consciências mais evoluídas, regras pormenorizadas se tornam completamente desnecessárias, e alguns princípios básicos, como a fraternidade, já são suficiente para a orientação da conduta. Um passo além na escala evolutiva, e mesmo esses princípios já são óbvios, já estão interiorizados, não precisam ser colocados como leis na primeira acepção do termo.
  9. Concordo com o Carlos que o seu quadro envolve a síndrome do estrangeiro. Sugiro que você siga o segundo link que ele postou e assista aos vídeos (a entrevista está quebrada em seis partes curtas), porque o primeiro é bastante técnico e pode ser difícil de acompanhar e enfadonho para quem já não tem certa familiaridade com os conceitos e o vocabulário da Conscienciologia, que é o movimento ou doutrina em que a discussão se encaixa. Se tiver dúvidas sobre o conteúdo, pode postar aqui mesmo. Se quiser aprofundar em pontos mais específicos da situação, das suas dificuldades e dúvidas, pode criar tópicos específicos para isso. Eu mesmo sofro de síndrome de estrangeiro desde muito novo e me identifico com vários pontos do seu relato. Se quiser conversar mais privadamente, pode me mandar uma mensagem.
  10. Em princípio, o corpo astral não precisa respirar. Essa necessidade, se surgir, é ilusória, uma reflexo do condicionamento do soma, que precisa desse processo para sobreviver. Um fenômeno que é bem solidamente confirmado é que percepções e sensações do corpo físico afetam os nossos sonhos. Freud já relatava com detalhes esse tipo de acontecimento. É como quando você está com fome e sonha com comida, ou está com frio e sonha que está num lugar gelado, ou um barulho alto na rua provoca um sonho com uma explosão, talvez num cenário de guerra. O inconsciente é exímio em criar cenários elaborados para manifestar suas mensagens, mesmo que sejam simples. Ou seja, mesmo que a consciência não esteja desperta no corpo físico, o que se passa com ele ainda a afeta, esteja ela divagando sem lucidez no meio de um sonho ou numa projeção lúcida. A explicação para isso nos casos de projeção é que quando em astral permanecemos ligados ao físico pelo cordão de prata, que transmite informação entre os corpos. Não é à toa que, mesmo que você esteja projetado, se alguém o acordar no físico, você volta imediatamente. Nesse seu relato, então, o que acho mais plausível é que seu nariz estivesse entupido mesmo e que você tenha tido a sensação de sufocamento ou dificuldade de respirar no astral como repercussão.
  11. Sobre essa questão da culpa, quero aproveitar um outro post do fórum, que trata da relação entre a culpa (autoculpa ou atribuição de culpa a outros) e doenças físicas. Post completo: https://www.viagemastral.com/forum/index.php?/topic/20736-doenças-no-soma-e-psicossoma/&do=findComment&comment=97345
  12. Pela minha própria experiência e por relatos da literatura espiritualista, é normal, nesse processo de despertar para um nível mais maduro de consciência, passar por uma fase de transição que é desafiadora e costuma ter algumas características de desequilíbrio. Figuradamente, é como se fosse preciso piorar para melhorar. Essa piora é aparente e superficial, transitória. Muitas vezes apenas estamos ganhando lucidez sobre dificuldades que já estavam presentes e atuantes e só não nos dávamos conta delas. Naturalmente, ao ganharmos consciência dessas questões, tendemos a reagir com alguns sentimentos negativos, como autoculpa e medo, o que causa desconforto. Também começamos a ter uma mudança de visão e concepção de mundo, uma mudança de referencial, o que costuma dar um senso de desorientação até nos estabilizarmos num novo enquadramento de realidade. E, além disso, começam a surgir conflitos com o meio e algumas convivências, porque passamos a questionar a forma como vínhamos nos portando e buscar mudanças. Nossas antigas companhias, no geral, não reagem muito bem a isso, porque é algo que desafia, mesmo que indiretamente, o status quo, que é extremamente egoísta, materialista e de visão estreita, mesmo nas vivências religiosas comuns. Então é todo um processo de transformação e readaptação que tem seus custos. Se houver persistência e o trabalho for bem feito, isso é superado pouco a pouco. Mas inevitavelmente vamos sair desse processo diferentes de como entramos, do contrário nada disso teria sentido e nem caberia falar em evolução, amadurecimento, despertar. Nesse processo, é muito valioso ter algum tipo de apoio. No Budismo existe um ensinamento sobre as chamadas Três Joias, que são os refúgios que um praticante espiritual toma para se orientar, proteger, reconfortar e motivar: a sangha, que é uma comunidade de pessoas passando pelo mesmo processo e atuando mais ou menos no mesmo "comprimento de onda"; o dharma, que são os ensinamentos espirituais que guiam o processo; e o Buddha. Este último pode ser entendido em vários níveis e colocado em várias linguagens diferentes. Dependendo da linguagem, pode ser a nossa Natureza Búdica Última, o Higher Self, o Sagrado Anjo Guardião, etc. -- no que seria uma visão voltada para dentro. Pode ser o grande mestre que serve como modelo, como Jesus para os cristãos, o Buddha Shakyamuni para os budistas, Krishna para os hinduístas, etc., ou o "guru" (num sentido amplo) pessoal para quem tem um -- no que seria uma visão voltada para fora. Enfim, estamos falando de um grupo de apoio, uma tradição guia e um modelo orientador. Pela minha observação, muitos praticantes espirituais atuais estão tendo dificuldade em encontrar algo que seja como uma sangha. Creio que, em parte, isso se deve a vivermos um momento em que muita gente passando por esse despertar não consegue se encaixar muito bem em nenhuma das tradições bem estabelecidas. E uma fração considerável dos que chegam a se encaixar de algum modo em algum grupo espiritualista não consegue se sentir completamente acolhida, compreendida, guiada e apoiada, porque essas tradições, no geral, operam dentro de modelos que não foram atualizados perante o que parecem ser as necessidades atuais. Por outro lado, tem também o fato de que muita gente fica restrita a uma convivência online, o que é possível graças às facilidades trazidas pela Internet. Por exemplo, estabelecem contato com professores e pesquisadores exclusivamente por serviços como o YouTube, conversam com outros estudantes e praticantes apenas em fóruns como este. Quer dizer, acabam se restringindo ao que poderia ser apenas um facilitador, deixando de ter convívios presenciais mais significativos e gratificantes. Eu mesmo tendo a fazer isso, e é algo a que tenho dedicado bastante reflexão. Isso se encaixa bem dentro do que eu vinha falando, essa alienação do contato presencial ou, pelo menos, da formação de vínculos mais profundos e da criação do que seria uma comunidade orgânica e palpável. Fico pensando em ações que poderiam ser tomadas para remediar esse problema. Um fórum como este certamente ajuda, mas o formato é mais voltado para discussões mais sérias e menos para conversas mais pessoais. Não sei se essa minha percepção reverbera em outros usuários.
  13. Pois é. É muito bom que você tenha mencionado isso.
  14. Também tenho a tendência de demorar a pegar no sono. A meu ver, o que o Sandro disse é verdade: a ideia de acordar antes da hora, se levantar, matar um tempo e voltar para a cama é mais apropriada para quem tem a tendência de pegar fácil no sono. Isso é desnecessário para quem já não apaga fácil e pode até ser inconveniente, como acontece comigo. Eu costumo meditar antes de me deitar. Não que eu medite por isso, mas de quebra ajuda no relaxamento físico e mental, facilitando o adormecer e também a prática de técnicas de projeção. Se você não gosta de meditar, talvez possa usar algum tipo de técnica de relaxamento, como as hipnóticas. Tem vídeos no YouTube feitos por bons profissionais, se você se interessar. Para mim, a projeção é especialmente facilitada quando me deito para cochilar, fora do meu horário normal de sono. Pode ser que seja diferente para outras pessoas, mas para mim, nesses casos, costumo pegar no sono com uma suavidade, e o sono tem uma leveza que acaba sendo mais fácil, na linguagem do Saulo Calderon, atingir o tal do ponto x. Além disso, como é só um cochilo, se eu de fato me projetar, ao voltar, em vez de voltar a dormir, repasso a experiência e já me levanto, o que ajuda na rememoração. Você pode tentar experimentar com essa possibilidade.
  15. Ou, pelo menos, da reencarnação neste mundo, certo?
  16. Sim, é comum. Mesmo ainda no corpo, entrando no estado hipnagógico, quando imagens oníricas começam a se formar, já me espantei com como as luzes e cores são muito vívidas, como a nitidez é extrema, sem comparação com a visão usual da vigília. Nesse caso de imagens hipnagógicas, só é difícil se manter acordado e observando atentamente por um período prolongado. A tendência é ou apagar de vez ou voltar a um estado de maior alerta em que essas imagens não se formam. Ou, na melhor das hipóteses, se pegar já com o corpo suficientemente adormecido e certa soltura do psicossoma, quando se projetar fica fácil. Fora do corpo, para mim a visão varia muito, podendo ir desde esse tipo de super HD com mais cores e brilho, uma vivacidade incrível, até projeções cegas. Não sei avaliar que variáveis levam a um tipo de experiência ou outro, mas acho razoável supor que depende tanto de fatores externos, a sutileza da dimensão em que você está projetado, quanto de internos, como quão lastreado de energias etéricas você está. Mas, como eu disse, já experienciei esse tipo de visão espetacular mesmo em onirismo.
  17. As minhas primeiras projeções foram involuntárias. Naquela época, na verdade, até certo ponto o difícil para mim era não me projetar ou, pelo menos, ter experiências intensas com os sintomas pré-projetivos, principalmente a catalepsia acompanhada de muitas percepções extrafísicas. Era algo basicamente diário. Nessa época eu estava trabalhando ativamente em várias atividades num centro espírita e sentia um desenvolvimento parapsíquico mais acentuado. Sobretudo durante as atividades no centro, minha sinalética energética era muito clara, o que para mim era então uma novidade. Nunca fui médium ostensivo, mas sempre tive uma sensibilidade razoavelmente aflorada, e nesse período ela explodiu. Eu não fazia nenhum trabalho pessoal de desenvolvimento parapsíquico, não trabalhava conscientemente as energias, nada disso, até porque esse tipo de prática não costuma ser ensinada no meio espírita, que era o que eu conhecia até então. Não sei dizer até que ponto o mero envolvimento com as atividades de uma egrégora já propicia esse tipo de desenvolvimento, mesmo sem um esforço pessoal ativo; até que ponto os amparadores trabalhavam o meu energossoma sem que eu tivesse a menor noção disso. Como também não sei dizer qual é a relação entre essa sinalética parapsíquica se desenvolvendo e as projeções que eu tinha. Só posso dizer que foram eventos bem sincronizados, o que não creio que seja aleatório. Naquele momento da minha vida, penso que esse tipo de experiência paranormal, sobretudo as projeções, tenha sido importante para balancear os interesses espirituais que eu já tinha com os mundanos que, sobretudo na juventude, na transição para uma fase em que as cobranças sociais começam a se tornar mais fortes, são muito reforçados. Essas experiências serviam como um estímulo e um lembrete de que havia mais na vida do que a maioria vê, valoriza e busca. Outro benefício que as projeções trouxeram foi me tirar da "caixinha" do Espiritismo (que é uma tradição que valorizo muito, e com a qual aprendi bastante, mas que tem as suas limitações). Devido à escassez de conteúdo a respeito do tema nessa doutrina, tive de buscar informações de outras fontes, o que me levou a conhecer a Conscienciologia e, mais tarde, ter contato com material ocultista. Esse período de experiências projetivas frequentes e fáceis foi intenso, mas bem curto. De vez em quando ainda acontecia, mas eu estava focado em outros interesses e não me dedicava a isso. A vida seguiu, conheci outras tradições espirituais, sobretudo orientais, passei por muitas turbulências, altos e baixos -- enfim, a vida se desdobrando. Depois de alguns anos, num período um tanto "dark" da minha existência, no qual sentia dificuldade em me conectar com a espiritualidade, as projeções se mostraram uma abertura para essa reconexão, e desde então passei por uma transformação considerável de prioridades, estilo de vida, visão de mundo, etc. Pelas experiências que tive, sempre mantive algum interesse pelo tema e senti uma conexão com ele, e ele acabou sendo a porta que se abriu para um envolvimento mais engajado e maduro da minha parte com a espiritualidade. Uma porta que, claro, levou a um corredor com muitas outras portas para salas e ainda outros corredores. O meu entendimento é de que a projeção da consciência tinha um papel destacado a desempenhar na minha vida atual, era parte da minha programação existencial, não tanto como um fim em si mesmo, mas como uma forma de conexão com a realidade extrafísica e a espiritualidade. Para quem não tem mediunidade ostensiva e não está acostumado com um contato mais direto com o outro lado do véu de Ísis, experiências projetivas bem lúcidas e com boa rememoração são muito marcantes e têm um potencial transformador tremendo. Minha primeira projeção consciente, totalmente involuntária, contou até com uma comprovação, e não tenho dúvida de que foi patrocinada. Minha visão atual é de que, estando encarnado, meu foco deve ser o que se desenrola no plano físico. Só que, é claro, essa separação entre as diversas dimensões não é total, muito pelo contrário. Essa concepção está na base de toda espiritualidade. De modo que manter o foco na vida no físico não implica de forma nenhuma se desinteressar pelo que acontece "nos bastidores", e para mim a projeção é a forma mais acessível de estabelecer contato direto com a dimensão extrafísica. Esse, aliás, é justamente o argumento mais comum para estimular as pessoas a se projetarem: qualquer um pode fazê-lo, nenhum dom especial é necessário, e não há dependência de intermediários do plano físico, sejam médiuns, místicos, gurus, rishis, muito menos "doutores da lei". Eu não sou um projetor tarimbado, de forma nenhuma, nem me dedico constantemente à busca de projeções. Eventualmente tenho experiências mais ou menos (in)voluntárias, e às vezes surge um interesse específico, como, só para exemplificar, o anseio de entrar em contato com algum amparador para elucidar alguma questão, geralmente algo prático. Quando esse interesse surge, aplico as técnicas que funcionam (com eficácia limitada, claro) para mim. Noutras ocasiões simplesmente brota a vontade, muitas vezes como um verdadeiro chamado, e então faço o mesmo, uso as técnicas. A minha taxa de sucesso é outra questão. Eu ainda sou razoavelmente jovem (hehe), e nos últimos dois anos muita coisa no quesito espiritual tem acontecido e mudado na minha vida. Sinto que estou passando por uma fase intensiva de amadurecimento. Pode ser que no futuro meu enfoque mude e eu passe a me dedicar mais (ou menos) à projeção. Eu me identifico bastante com a mensagem que o Leadbeater (o usuário do fórum, não o ocultista clássico, hehe) postou aqui: https://www.viagemastral.com/forum/index.php?/topic/20672-foco-no-alvo-da-meditação/. Destaco o seguinte trecho: Para finalizar, quero falar sobre a minha visão a respeito da grande questão que são as motivações para a projeção. Fora motivos antiéticos, como espionagem (desde observar a vizinha nua até obter informações que tragam vantagem financeira, por exemplo) ou manipulação de outras consciências, acho que qualquer motivação é válida, até as que podemos considerar mais fúteis, como fazer "turismo astral". Digo isso porque acredito que, uma vez iniciado esse caminho projetivo, revelações serão feitas, percepções serão adquiridas, transformações ocorrerão que levarão o ser a buscas mais enriquecedoras. Pode parecer otimismo, mas acho que essa é uma tendência inevitável para os que já atingiram certa maturidade consciencial, que não precisa ser tão grande assim. Ou seja, isso inclui boa parte das "almas sebosas" encarnadas que ao menos chegam a se interessar pelo tema. Não acho que é proveitoso reforçar os aspectos de culpa e cobrança que já permeiam tanto a visão espiritual majoritária, e que parecem apontar que o único fim válido para a projeção é prestar amparo. Se e quando alguém tiver condições de participar desse tipo de atividade, a oportunidade vai surgir, assim como o gosto pela coisa. Essa questão da assistencialidade é complexa e pairam por aí muitos mitos e concepções errôneas, mas é outro assunto, então vou só repetir o que diz o Saulo Calderon: quer fazer assistência fora do corpo, comece a fazer no corpo. Acho que muita gente que gostaria de se projetar e não consegue nutre uma ideia de que, se se disponibilizar para tarefas de amparo, aí sim os mentores virão e as tirarão do corpo. Sinceramente, pela minha experiência pessoal e da observação de pessoas próximas, os mentores estão sempre interessados em propiciar essa experiência, porque, como eu disse, ela costuma ser muito enriquecedora para nós que estamos encapsulados aqui na matéria densa. Não sei quais os fatores que tornam o processo mais fácil e rápido para uns do que para outros, mas conquistar projetabilidade real de fato exige dedicação e comprometimento – como, aliás, tudo na vida. Já tentou tocar um instrumento musical, por exemplo? Alguns têm mais facilidade do que outros, mas para chegar à maestria, muito trabalho é necessário para qualquer um. Excelente essa citação do Wagner Borgers. Dá para usar na assinatura aqui no fórum.
  18. Sim, isso acontece. Penso que quem tem algum histórico de dificuldade ou demora para pegar no sono acaba de certa forma traumatizado, em variados graus, e passa a buscar deliberadamente apagar o mais depressa possível, coisa com que quem dorme rápido não precisa se preocupar. Usar o tempo pré-sono na cama para fazer técnicas (não só para projeção) me ajudou inclusive a suprimir esse tipo de ansiedade que tende a surgir. Dormir é uma necessidade do corpo físico, disso não há dúvida, mas eu tenho a impressão de que também é importante para a consciência, se ela está num nível em que se atormenta com as peripécias da "mente de macaco", o que é de longe o mais comum neste mundo. Pode ser que o apagão completo da consciência, nesses casos, seja revitalizante para a consciência, como de forma geral o sono é para o corpo. Quando as pessoas dizem algo como "nada como uma boa noite de sono", não estão se referindo só ao descanso do físico, mas também da mente. Vendo por esse ângulo, acho possível que a conquista de uma mente mais estável torne essa necessidade do apagão menos relevante e, no limite, talvez obsoleta. Parece razoável supor que isso facilitaria a projeção consciente.
  19. Matou a pau. É muito bom encontrar uma análise racional, pautada pelo bom senso e bem informada sobre um tema que é um grande tabu nos meios espiritualistas em geral (haja vista os itens 3 e 4).
  20. O auge da prática da OLVE seria atingir o EV, que é uma ativação completa do campo energético, e normalmente é percebido como uma corrente elétrica indolor vibrando em todo o corpo. Não que uma sessão de OLVE que não resulte no EV seja inútil. Nesse tipo de trabalho, movimentam-se as energias livres, e elas vão promovendo uma limpeza do corpo energético, desbloqueios, desacúmulos, estimulação dos chacras, liberando mais energias presas, mesmo quando o EV não é atingido. O ideal é conseguir mover apenas as energias, sem nenhum esforço físico acompanhando. É uma questão de prática, de repetir e repetir o exercício se empenhando em não associar a movimentação energética com contrações musculares, ritmo da respiração, movimentos dos olhos, etc. Quanto à questão de "viajar na maionese", perder a concentração, isso é muito normal. No geral, nosso poder de concentração é muito baixo mesmo, mas pode ser ampliado com técnicas como as meditações com foco fechado e a própria OLVE. Porque a OLVE não deixa de ser uma meditação com foco no movimento das energias. Ler sobre meditação, sobre que postura adotar diante dessas distrações, pode ser útil se você não tiver experiência com esse tipo de prática. Sim, é normal. E um bom sinal, não? Porque se você sente o chacra pulsando, quer dizer que conseguiu trabalhá-lo no exercício. Com o tempo, com a insistência na prática dessas técnicas, essas percepções e sensações vão se alterando. Creio que é mais comum ter sensações fortes, que chegam a causar distrações, no início desse tipo de trabalho.
  21. Meu sono é naturalmente leve e a minha tendência é adormecer lentamente. É muito raro eu me deitar e apagar, ou mesmo sentir um sono insuportável que me obrigue a ir para a cama. Na maioria das vezes em que vou dormir, é porque tomei uma decisão bem deliberada, normalmente por causa do horário. Enfim, tudo isso para mim é natural, não exige nenhuma técnica ou estratégia. Faz tempo que tenho a impressão de que esse meu padrão de sono facilita a projeção consciente. Nas ocasiões em que meu sono é amplificado por algum fator, como uma condição de saúde ou o uso de algum medicamento (alguns antialérgicos e relaxantes musculares têm esse efeito, por exemplo), parece-me que a minha projetabilidade fica bastante prejudicada. Quero esclarecer que, fora uma aparente maior facilidade para a projeção que traz, talvez por em tese favorecer a observação de entrada no estado hipnagógico, ou mesmo a ocorrência de catalepsias projetivas, o meu é um quadro bastante indesejável, pois beira a insônia. (Estou fazendo essa observação para que não pensem que é uma benção.) Enfim, tenho a impressão de que um sono leve e essa lentidão no processo de adormecer realmente podem facilitar a projeção, inclusive a rememoração. O motivo de eu postar isto aqui, além de relatar a minha experiência pessoal, é porque não me lembro de encontrar discussões a respeito aqui no fórum, quando acredito que é um fator que pode fazer bastante diferença, e um subtópico pelo qual me interesso.
  22. Não existe nenhum problema com a prosperidade material, fora basicamente o fato de que tendemos a nos apegar em demasia a ela, não obstante ela ser inevitavelmente impermanente, passageira. Quer dizer, mais cedo ou mais tarde, estamos fadados a perdê-la. Afinal, todos vamos deixar esse corpo e, com ele, todas as conquistas materiais que tivermos amealhado. Se tivermos nos apegado a elas, essa perda será uma causa de sofrimento e, pior ainda, pode até vir a ser uma fonte de aprisionamento "pós-morte". Muitos espíritos, mesmo deixando o corpo, acabam ficando por aqui mesmo, no mundo físico, vagando como zumbis, por ainda estarem apegados ao que aqui deixaram. Pode ser qualquer coisa que é própria desta dimensão, especialmente as mais viciantes, como drogas, sexo, relacionamentos desequilibradamente passionais, status social, riqueza. Uma boa parte dos espíritos desencarnados que nos perturbam, os chamados assediadores, está nessa categoria. Não são indivíduos exatamente maldosos ou claramente mal intencionados; só estão perdidos, deludidos, mentalmente aprisionados a uma dimensão que não lhes cabe mais. Em contraste, desenvolvimento intelectual, amadurecimento emocional e moral, essas são algumas coisas que você leva consigo desta dimensão para a próxima, e traz de volta para cá quando reencarnar de novo. Sob essa perspectiva, investir nisso é garantir ganhos a longo prazo. Sem falar que esse tipo de conquista, quando você avança o suficiente para perceber, se torna muito mais relevante mesmo no presente, como uma fonte de paz e alegria que é independente das condições externas, que são tão mutáveis e sobre as quais temos controle tão limitado. Por outro lado, as conquistas materiais nunca saciam completamente; depois de cada uma, sempre passamos a mirar a próxima. Nós estamos momentaneamente encarnados nesse mundo material e seria imprudente negligenciá-lo. Para aproveitar a experiência de estar no corpo físico, convém ter boa saúde, certo nível de conforto, estabilidade e poder de compra, etc. É muito mais fácil avançar intelectualmente se você puder comprar livros, pagar cursos; emocionalmente se você puder arcar com o custo de terapias; ajudar os outros se você tiver recursos materiais para isso. Então um certo equilíbrio entre o material e o espiritual é medida de bom senso, sem perder de vista o que é passageiro e o que é duradouro, o que é meio e o que é fim em si mesmo. Os discursos religiosos mais divulgados muitas vezes criam uma falsa dicotomia entre o material e o espiritual, como se estivessem em oposição inconciliável. Ou, às vezes, o contrário, como se um fosse função do outro, como apregoa, por exemplo, a teologia da prosperidade, bastante popular entre os cristãos neopentecostais. São posicionamentos radicais. É mais recomendável um caminho pelo meio.
  23. Estamos em completo acordo até aqui. De maneira geral, emoções são perturbadoras, algumas potencialmente mais do que outras (como, dentro da linguagem budista, orgulho, inveja e ciúme, desejo e apego, obtusidade e preguiça, carência e insatisfação, raiva e medo). No caso de projeções conscientes, a perturbação provocada por emoções comumente considerada desejáveis, como a alegria eufórica, fica bastante evidente, pois elas puxam uma diminuição de lucidez e até o retorno ao corpo físico. Acredito que uma clareza mais elevada surja dentro de um quadro de equanimidade, seja no corpo ou fora dele. Esse é o ponto em que surge a divergência. Não que eu negue a existência de um risco em se propagar informação, e aliás não só informação de cunho espiritual. Sem falar nas ameaças às estruturas de poder estabelecidas que se beneficiam do status quo, um sistema vigente de visão de mundo e um modo de operação associado, existem também riscos para cada indivíduo que é exposto à informação. Mesmo em se tratando de espiritualidade, não existe nenhuma prática sem efeito colateral. Até a meditação, por exemplo, que hoje é regularmente apresentada como uma prática "clean", pode ter efeitos indesejáveis, desde o apego excessivo ao método, que nesse caso se transforma numa armadilha aprisionante, até ocorrências mais extraordinárias, como a que ocorreu com o Gopi Krishna, que despertou a kundalini involuntariamente e de forma avassaladora, com tremendas repercussões. Tudo que ele fazia era meditar com a concentração voltada para o chakra crononário; não adotava nenhuma prática direcionada ao despertar da kundalini. Só que mesmo no caso dele, muito traumático de início, o resultado foi positivo: uma elevação do nível de consciência. Tanto que ele dedicou boa parte do restante de sua vida aqui para propagar informações a respeito. E ele mesmo atribuía pelo menos uma boa fração das dificuldades que enfrentou à falta de informação. No caso dele, fica bem forte a impressão de que ele tinha de atravessar esse percurso conturbado justamente para, não só trazer esclarecimentos sobre a kundalini, mas para ilustrar os danos provocados pela restrição do conhecimento. Sumarizando, existem perigos tanto na divulgação quanto no ocultamento. Porém riscos fazem parte da jornada, inevitavelmente. Sem se expor ao conhecimento e à experiência, ninguém se desenvolve. E, na verdade, é impossível se manter em plena "segurança", em completo isolamento. A história do Siddhartha Gautama exemplifica de maneira interessante essa inevitabilidade, pois ele tinha sido criado sem exposição a qualquer forma de sofrimento, resultado de um enorme esforço por parte do seu pai, só para mais tarde se chocar profundamente com ocorrências tão naturais quanto o envelhecimento do corpo físico e a sua morte, quando finalmente foi exposto a elas. E foi isso que o levou à busca que resultou em se tornar o Shakyamuni Buddha. Pelo menos desde o século XIX tem havido um movimento mundial de abertura do conhecimento espiritual, como ocorreu com o advento do Espiritismo e da Teosofia, por exemplo. Ocultistas passaram a publicar livros revelando segredos antes reservados a poucos iniciados. Sujeitos como Paramahansa Yogananda e outros yogues passaram a divulgar amplamente práticas anteriormente consideradas "sagradas" e exclusivas para os mais "elevados". Tabus têm sido sistematicamente quebrados tanto por espiritualistas quanto pelos avanços científicos. Isso é fato histórico, é algo que tem acontecido e ponto. Tem efeitos colaterais, naturalmente, assim como a postura contrária tem. Esse movimento de abertura não implica necessariamente algum tipo de evolução coletiva. Seja como for, mais e mais gente ligada a estudos e práticas espirituais tem adotado uma postura de divulgação ampla. Pelo que o Saulo Calderon diz, o GVA mesmo se alinha com essa tendência. Pessoalmente, eu não sou de falar de espiritualidade com as pessoas aleatoriamente. Pouquíssimos daqueles com quem eu convivo tem ciência de que eu leio tais ou quais livros espiritualistas, de que medito, faço práticas energéticas, projeção astral, etc. Agora, dentro de um fórum como este, a minha postura é de compartilhar e discutir, naturalmente sempre tentando buscar equilíbrio, não perdendo o bom senso, etc., e inevitavelmente dentro das minhas limitações. De modo que a tal divergência não me parece ser em relação a como vemos a coisa, mas a como nos sentimentos e possivelmente nos comportamos diante dela.
  24. Como eu disse, é possível interpretar de várias maneiras diferentes. Exemplo alternativo de como se pode ver a mesma coisa: alguns acreditam que somos simples e ignorantes no início, e que pelas experiências vividas evoluímos num sentido de integração e sabedoria. Estar manifesto aqui ou acolá é simplesmente um estágio do desenvolvimento, como um curso adequado para as necessidades e capacidades de uma pessoa sob dadas circunstâncias. Você diz que um indivíduo é culpado por não ser mais evoluído. Alternativamente, é possível pensar que ele ainda está num estágio mais primário de desenvolvimento. Eu não diria que uma criança de 10 anos é culpada por estar ainda na quarta série em vez de, por exemplo, na oitava, ou mesmo uma de 11 ou 12, ou 9 ou 8 ou a idade que for. O que você vê como fruto de um erro, eu vejo como um processo natural. No fundo, é só uma questão de linguagem, mas a linguagem não só reflete um enquadramento de visão, como molda outros. Eu mencionei a tradição cristã porque ela é a predominante na nossa cultura. É claro que a narrativa de castigo e punição não vem do cristianismo especificamente. No Velho Testamento, cuja fonte é o Tanakh judaico, portanto muito anterior ao advento do cristianismo, a narrativa já segue essa linha. E hoje já se tem um entendimento considerável de como muitas das histórias da Tanakh e da cultura judaica em geral foram influenciadas pelas de outras civilizações mesopotâmicas, inclusive a suméria. Só para deixar claro, quando falo em tradição cristã, estou me referindo à maneira como as instituições que se autodenominam cristãs têm historicamente entendido os ensinamentos de Jesus e de outros "profetas" que reconhecem. É possível tomar os mesmos textos e fazer leituras diferentes, como a espírita, por exemplo, que é diferente da católica e da protestante em pontos essenciais, e mais ainda se você tomar a leitura de um professor espiritual ou autor de outra tradição. Sob uma perspectiva bem binária, alguém pode preferir uma população totalmente subjugada intelectualmente e conduzida à força a seguir determinados preceitos e agir de certa maneira, que foi essencialmente o que aconteceu na Idade Média na Europa, ou pode preferir que haja liberdade total, que seria o oposto disso, e possivelmente resultaria em caos. Eu não acredito em prescrições genéricas que possam servir para todo mundo. Cada um toma o seu caminho, e este provavelmente não vai ser totalmente preto nem branco; vai estar num tom de cinza mais ou menos claro, e isso ainda vai variar com o tempo. A meu ver, o curso evolutivo de um indivíduo é no sentido de ganhar autonomia, ao mesmo tempo em que se integra mais harmonicamente ao todo, sem contradição entre uma coisa e outra. Também não acredito nesse cenário de ninguém estar evoluindo. Acho totalmente implausível. Parece-me que nós somos basicamente máquinas de aprender com as experiências. Vamos sendo empurrados em algum sentido pelas próprias forças da existência, e aí vamos reagindo, registrando, nos adaptando. Avaliar o ritmo de evolução é outra questão. O ponto central é que nada no mundo manifesto fica parado. Eu estava falando de evolução individual mesmo. A coletividade é só uma coleção de indivíduos, afinal. Existe, claro, uma evolução sócio-cultural que vai moldando os indivíduos num dado tempo, numa dada localidade, e que não é senão a soma histórica de contribuições individuais. Em muitos aspectos, a humanidade vem há séculos numa onda de progresso em muitos frontes, sobretudo conhecimento natural e tecnologia. Pode estar em regressão em outros aspectos, como nas relações do homem com o meio ambiente. Nada garante que isso não possa ser revertido, por exemplo, por uma grande catástrofe global, como uma guerra termonuclear. Mas ainda que isso acontecesse, isso não implicaria no retrocesso de um espírito especificamente. Esta aqui é só uma morada na casa do Pai, e os moradores são só visitantes que vêm e vão. Enquanto serve para você, enquanto você se encaixa bem aqui, você fica aqui. Não tive essa impressão, não. Uma das coisas de que gosto neste fórum é que o pessoal não é dado a mimimi. Também não tenho nenhuma intenção de ser grosseiro.
  25. Existem diferentes maneiras de interpretar os fenômenos, cada uma delas com sua própria lógica e coerência. Na visão cristã tradicional, predominante na nossa cultura, os humanos são culpados já de cara, por conta de uma leitura bastante direta e simplista da alegoria do pecado original. Essa ótica negativa justifica e amplifica um sentimento de culpa profundo e quase permanente nas pessoas. Fica mais complicado ainda quando se considera que essas doutrinas não são nem reencarnacionistas, ou seja, segundo elas você nasce aqui já endividado, em condições pouco favoráveis, e ainda é esperado que você atinja os padrões de atitude de um santo, tudo isso numa só vida que, temporalmente, é um nada em comparação com qualquer escala evolutiva da natureza, seja geológica ou da evolução da própria vida, sem falar na escala cosmológica. Em suma, o homem é mau e se torna bom pelas purificações do sofrimento, que são punições por seus erros. Mesmo em tradições mais modernas e em algumas esotéricas ocidentais, esse negativismo e esse sentimento de culpa são imanentes, se não pela letra dos ensinamentos em si, pela maneira como eles geralmente são entendidos por seus adeptos. Na sua maior parte, isso é uma herança da visão tradicional que chegou a se incorporar à psique do sujeito num nível profundo, subconsciente. Eu, pessoalmente, não vejo punições na vida, só causas e consequências. Eu jamais diria que uma criança que pôs o dedo na tomada e levou um choque elétrico foi punida pelas leis do eletromagnetismo, muito menos por, digamos, Deus. Vejo na vida um processo de desenvolvimento que se baseia no aprendizado com a experiência. Além disso, tomar um dado acontecimento isolado como bom ou ruim é bem mais complicado do que parece à primeira vista, porque uma dificuldade, que alguns veriam como punição, mais tarde pode parecer ter sido apenas um desafio que impulsionou um crescimento significativo. Da mesma maneira como uma aparente bênção de um dado momento pode se revelar mais tarde uma maldição. A maneira como avaliamos as experiências é muito limitada, porque temos muito pouca visão do todo, e o próprio fator subjetivo por trás desse tipo de julgamento é mutável, está ele próprio em evolução. Essa é a minha maneira de ver, que para mim funciona bem. Respeito visões divergentes, mas acho que a exposição a diversos pontos de vista e o diálogo tendem a ser enriquecedores para todos. Não vejo controle, punição e culpa como demônios que atrasam a humanidade. Pelo contrário, acredito que tenham um papel importante a cumprir, mas que a fase em que eles são eficientes e desejáveis chega a um fim, a partir de quando a consciência pode se guiar mais pela razão, pelo senso de autodeterminação, pela percepção de que não é um sistema isolado que pode se dar bem à custa dos outros ou a despeito dos outros, e por sentimentos mais elevados, menos egóicos, que já floresceram.
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