henriquefaust Posted December 28, 2008 Report Share Posted December 28, 2008 A ARTE DE DESDOBRAR-SE.A cultura de muitos povos antigos fala da existência de um segundo corpo do homem,capaz de desprender-se do físico e viajar para lugares distantes ou outros planos de vida.O desdobramento ou, segundo Waldo Vieira - autor do livro Projeciologia -, a projeção daconsciência fora do corpo humano é um "fenômeno antigo e universal, de todas as épocas,raças e povos, mesmo daqueles considerados não-intelectualizados, atrasados ou selvagens.Ele é encontrado nas primeiras narrativas da Antigüidade Clássica (...), bíblica, egípcia ebabilônica, nas crônicas sacras do Oriente, aparecendo tanto no homem ignorante como nossábios e intelectuais, na qualidade de faculdade natural, biológica, ou seja, de origemfisiológica". Enfim, a projeção consciente é semelhante, em muitos aspectos, a diversosoutros estados alterados de consciência, tais como o devaneio, o pesadelo, o sonambulismo,o sonho, o sono, etc."Esse segundo corpo que se projeta recebe um nome distinto em cada uma das culturasantigas. Os hebreus o chamavam ruach; os egípcios, o ka, replica exata do corpo físico, masmenos densa; os gregos o denominavam ameidolon; os romanos, larva; no Tibete, bardo; naNoruega, fylgja, enquanto os antigos bretões lhe davam vários nomes - fetch, waft, task,fye.Na China, o thankhi abandonava o corpo durante o sonho e podia ser visto por outraspessoas. Os antigos chineses praticavam a meditação para liberar o segundo corpo, que seformava no plexo solar, pela ação do espírito. A sua saída pela cabeça aparece representadaem desenhos antigos. Os antigos hindus falam do segundo como pranamayakosha. Osbudistas lhe chamam rupa.Waldo Vieira diz que nos tempos antigos a projeção só era revelada aos iniciados econseguida através da prática de certos rituais secretos, cujas técnicas se perderam ao longodos séculos. Hoje restam apenas as tradições orais.Na Bíblia também não há descrições das técnicas usadas, somente as narrativas de casos.Em Ezequiel 3.14, por exemplo, o profeta descreve assim o seu desdobramento: "Então oespírito me levantou, e me levou; e eu me fui mui triste, no ardor do meu espírito (...)," NoApocalipse 1.10. o apóstolo São João relata também a sua experiência: "Eu fui arrebatadoem espírito no dia do Senhor(...)."São Paulo na Segunda Epístola aos Coríntios 12.2, escreveu: "Conheço um homem emCristo que há 14 anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei: Deus sabe) foiarrebatado até o terceiro céu."Existem alguns relatos de desdobramentos ocorridos no início da era cristã, como o deArisdeu de Soles, da Silícia, Ásia Menor. No ano de 79, ele sofreu uma queda violenta e foidado por morto. Todavia, três dias depois do acidente, quando estava para ser enterrado,Arisdeu recobrou os sentidos e contou aos amigos as experiências pelas quais havia passadonaquele período. A história foi registrada por Plutarco de Queronéia (50-120). Essanarrativa mostra que a experiência de sair do corpo pode modificar o caráter das pessoas.Arisdeu era um homem de maus costumes, mas, depois de seu desdobramento,transformou- se numa pessoa virtuosa.A própria aventura é interessante. Diz Arisdeu que após a queda sua alma pensante saiu deseu corpo e a sensação nesse instante foi semelhante a de um mergulhador projetado parafora de seu barco. Contudo, ao emergir, ele conseguiu respirar livremente e enxergar emtodas as direções de uma só vez. Então viu pessoas que conhecera mas que já haviammorrido. Uma delas, aproximando-se dele, explicou-lhe que ele chegara até ali com a partepensante da sua alma, tendo deixado o restante no seu corpo, como uma âncora. Depois deoutras experiências, ele foi "aspirado por um sopro violento e irresistível" e retornou ao seucorpo na hora em que ia ser enterrado.Em tempos mais recentes, há o exemplo de Emmanuel Swedenborg (1688- 1772) - filósofosueco que se projetava freqüentemente, segundo o registro de suas experiências nos DiariiSpiritualis - e do escritor francês Honore de Balzac (1799-1850) - que falou da projeção doespírito na sua novela autobiográfica, Louis Lambert. Ele escreveu, por exemplo: "Ora, semeu espírito e meu corpo puderam separar-se durante o sono, por que não poderei eudivorciá-los igualmente durante a vigília?"Na época da metapsíquica, que ocupou o período do séc. 19 até meados deste, temos asexperiências de dois pesquisadores franceses, Hector Durville e Charles Lancelin, mas foisó com o norte-americano Charles Theodore Tart, em 1966, que se efetuaram as primeirasexperiências científicas com o desdobramento, usando aparelhagem moderna: uma jovem,cujo nome foi mantido em segredo mas que era identificada como Miss Z, teve suas ondascerebrais, movimentos oculares, resistência galvânica, freqüência cardíaca e volumesangüíneo registrados.Segundo o relato contido na obra já citada de Waldo Vieira, Miss Z, enquanto flutuava forade seu corpo físico, foi capaz de informar a hora exata marcada por um relógio fora doalcance de suas vistas, além de identificar um número-alvo que o pesquisador escondera.Essas informações foram dadas nos instantes em que os registros poligráficosdemonstraram padrões de ondas singulares.O cordão de prata, que mantém o duplo etérico unido ao corpo físico, é uma parte essencialda projeção da consciência. Se for rompido, não há possibilidade de retorno ao corpo físico,sobrevindo a morte. Em algumas tribos primitivas, esse laço de conexão aparece como umaserpente; em outras, como uma árvore ou uma trepadeira, como uma cinta, um fio ou umarco-íris. Os africanos os vêem como uma corda, e os nativos de Bornéu como uma escada.Os antigos chineses praticavam a meditação para desdobrar-se. A saída do corpo astral pelacabeça aparece representada em desenhos antigos.Esse cordão, segundo alguns, sai do corpo através do plexo solar, ou seja, da área do centroda força umbilical, mas há também quem afirme que a conexão essencial é pelo crânio, asede do cérebro. Waldo Vieira explica o motivo das divergências de opinião: a visão dasaída do cordão de prata da área do plexo solar é facilitada pela própria anatomia. "Os olhosfísicos vêem (...) o umbigo (...), o que obviamente não pode acontecer com à área do córtexcerebral."Segundo Waldo Vieira, o cordão não se encontra em nenhum lugar específico. Cadapartícula do psicossoma (ou corpo espiritual) parece estar ligada à sua análoga física.Quando o psicossoma se afasta do soma (ou corpo físico), tais ligações aproximam-seformando um cordão de prata.Existem alguns detalhes sobre o desdobramento que só agora estão sendo entendidos:quando ocorre a projeção da consciência, o corpo extrafísico pode se apresentar com asroupas, os adornos e os artigos que costuma usar no plano físico, isto é, brincos, óculos,lentes de contato, dentaduras, etc. Isso acontece porque existe uma ligação energética entreo organismo humano e os objetos que o revestem ou entram em contato direto com ele.O autor americano Robert A. Monroe, outro profundo conhecedor do fenômeno, escreveuum livro a respeito, intitulado Viagens Fora do Corpo, (Record, Rio de Janeiro). SegundoMonroe, ainda hoje existem obstáculos à investigação do desdobramento. O primeiro delesé o medo da morte, pois a projeção implicando a separação entre o espírito e o corpo físico,se assemelha ao desencarne. Em segundo lugar está o temor de não saber como voltar aocorpo, e os iniciantes então preferem não prosseguir na viagem, retornando rapidamente.Para vencer esses temores, a pessoa precisa repetir o processo muitas vezes. Em terceirolugar está o medo do desconhecido, pois não se sabe quem ou o que se vai encontrardurante a experiência ou mesmo a quem apelar em caso de necessidade.A experiência de Sylvan Muldoon - um norte-americano que viveu no começo deste século,um dos pioneiros no estudo do desdobramento e das viagens astrais e um dos primeiros aproporcionar um informe reflexivo e detalhado de suas experiências - constitui um exemplotradicional de como os corpos se separam para dar início à viagem astral.Sylvan despertou no meio da noite com o corpo paralisado, incapaz de mover-se. Derepente, teve a sensação de flutuar e todo seu corpo começou a vibrar. Sentia uma fortepressão na parte posterior da cabeça. Em seguida se encontrou flutuando horizontalmentesobre a cama, elevando-se até o teto. O corpo lhe parecia muito leve. Desde uma altura de1,80m, girou 90°, a partir do plano horizontal, passando à posição vertical e descendo atéchegar ao solo. Então, começou a relaxar, ainda com a incomoda tensão na nuca, e deu umpasso à frente.E então aconteceu o mais surpreendente. Olhou para trás na direção da cama e se viu ali,dormindo. Tinha dois corpos: um de pé no solo, consciente, e o outro deitado passivamenteno leito. Dois corpos idênticos, unidos por um cabo elástico, com um dos extremos entre osolhos do corpo que ocupava a cama e o outro na parte posterior da cabeça do corpo em pé.Muldoon pensou com tristeza que estava morto. Começou a andar, mas vacilou ao sentirum repuxo do cabo. Tratou de abrir uma porta, mas a atravessou. Tentou sacudir os quedormiam, conseguindo transpassar seus corpos com suas mãos. Confuso, ficou dando voltassem rumo, sem saber o que fazer. Notava o repuxo na parte posterior de sua cabeça commais intensidade. Vacilou de novo e se imobilizou. Elevou-se no ar e foi lançado acima dacama, onde ficou suspenso horizontalmente. Vibrou como no princípio de sua aventura e seincorporou ao seu corpo físico.Muldoom se movia a três velocidades durante suas viagens. Adotava um passo normal peloquarto ou casa, ou mesmo ao passear pela rua. Havia uma velocidade intermediária, maisrápida do que a normal, na qual ele não se movia, mas tudo parecia vir sobre ele. A terceiravelocidade era extraordinária: permitia viagens de grande distância num tempo muito curto.Nesse tipo de viagem, ele experimentava sem dúvida períodos de inconsciência, uma vezque lhe era impossível registrar todos os detalhes vistos. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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