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Deuses Hindus - Arquétipos ou consciências divinas?


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Oi,

Na Índia muitos são os deuses que a cultura local criou para serem cultuados.  Vide  exemplo, o famoso Ganesha.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ganesha

Mas esses deuses como Ganesha , com corpo humano e cabeça de elefante e 4 braços, realmente existe no mundo espiritual , com as mesmas feições ?  

Suponha que o que está desenhado seja algo parecido que algum místico Hindu Indiano tenha vistos na Viagens Astrais ou clarividência, e esse arquétipo foi reproduzido nos símbolos ... Será que isso é possível que esses Deuses ganhem Força e Poder em dimensões astrais ?

 

 

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Uma figura qualquer, quando  é objeto da atenção de milhares de pessoas, tende a ganhar algum nivel de existência no astral. É como um software, que fará as tarefas para as quais foi programado. Mas precisam ser "carregados" de energia,  como se fossem um bateria. É para isso que servem os cultos de adoração a alguma figura qualquer, orações e oferendas a essas figuras. 

Ou seja  primeiro alguém cria uma figura  visual com as caracteristicas simbolicas desejadas. Depois os seguidores daquele novo culto passam  a tratar aquela figura imaginaria como se fosse real, dedicando sua atencao emocao e oferendas a ele. Com o tempo ninguém mais saberá se aquele ser de fato é um ser espiritual ou artificial, porque as tarefas que se pede a  ele são realizadas, e isso é o que importa para seus adoradores, que entao pagam suas promessas à "criatura".

Só que pode ter de tudo ali, desde uma simples criacao mental carregasa de energias, até um desencarnado oportunista que incorpora na imagem para absorver-lhe energia e fará as tarefas solicitadas oara continuar sendo alimentado. 

Por isso a religião judaica condenava imagens, para que as pessoas não caíssem nessas confusões que podem surgir com o tempo.

Na prática... vai saber o que pode estar atuando ali....?!?!

 

 

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DEUS E OS DEUSES

Dion Fortune

 


Estamos tão acostumados a pensar no cristianismo, no judaísmo e no islamismo como as três religiões monoteístas, que todo o resto é considerado politeísta e pagão. Mas se examinarmos de maneira mais acurada as coisas, descobriremos que as religiões mais politeístas são no âmago monoteístas e que mesmo as religiões alegadamente monoteístas têm um certo parentesco com o politeísmo no tocante a alguns dos aspectos que exibem.


O monoteísmo e o politeísmo são princípios gêmeos fundamentais que representam o uno e os muitos. Nunca a mente humana concebeu uma religião que não fosse monoteísta. Mesmo os mais primitivos animistas dispunham de algum conceito de um pai dos deuses que fez o céu e a terra e que exerce alguma espécie de domínio sobre os inúmeros demônios de sua devoção. Quanto mais desenvolvido e filosófico se torna, com tanto maior clareza o politeísmo concebe Aquele Que cria e domina os muitos.


A abordagem mais próxima do monoteísmo que existe é o cristianismo ultraprotestante, que perdeu a sua angelologia: e mesmo nesse caso se trata de um diteísmo, dado que se cultua tanto Deus Filho como Deus Pai. Quanto a Deus Espírito Santo, do qual tem pouca compreensão, essa abordagem mantém-se em silêncio e, para todos os propósitos práticos, O ignora.

O cristianismo católico substituiu os deuses pelos santos, e desenvolve e encoraja aquilo que recebe o nome de "dulia", a veneração que tem por alvo manifestações menores e especializadas da divindade. Os diferentes santos, em virtude de suas experiências pessoais e de suas conseqüentes simpatias presumidas, presidem a diferentes aspectos das necessidades e atividades humanas. São Cristóvão é o santo padroeiro de todos os viajantes. Há ainda santos locais, os padroeiros dos lugares, a que se fazem peregrinações e para os quais se dizem orações. Qual a diferença entre esse conceito e o conceito politeísta hindu, com as suas hostes de divindades, especializadas e localizadas? Que diferença há em princípio entre Ganesha, o deus dos agiotas, e Cristóvão, santo padroeiro dos viajantes?


A única diferença real reside no fato de o católico instruído não rezar para o santo como o dispensador de bênçãos, mas em vez disso implora ao santo que interceda por ele junto à Divindade. Trata-se de um aspecto sutil porém importante. O católico não instruído, no entanto, faz as suas orações e pequenas oferendas diretamente ao santo, sem se perturbar com essas sofisticadas distinções; a sua atitude é exatamente a mesma do hindu não instruído.

A invocação de uma força especializada, que se crê especialmente apropriada a uma dada ocasião e, portanto, mais eficaz do que uma benevolência generalizada, está profundamente arraigada na natureza humana. O paciente em consulta no hospital rejeita desdenhosamente os conselhos sobre a higiene, e exige um vidro com uma poção com o sabor mais carregado e com o mais extravagante colorido possível.
Constitui uma característica inerradicável da natureza humana desejar alguma coisa definida e tangível que se possa ver e tocar. São Tomé, o discípulo que duvida, é o santo padroeiro de muito mais pessoas do que aquelas que lhe invocam o nome; e é digno de nota que Nosso Senhor não exprimiu nenhuma desaprovação pronunciada dessa cautela, mas permitiu que Tomé fizesse a sua experiência e provasse por si mesmo.


E à própria natureza da nossa mente que se deve essa necessidade que temos de coisas definidas e palpáveis; porque a nossa mente é constituída pela experiência de imagens sensoriais, e não conhece outra linguagem. Somente por meio da prática da meditação se constrói o poder de conceber idéias abstratas, e as pessoas menos desenvolvidas intelectualmente nunca logram fazê-lo. Para elas é essencial a tradução em termos de imagens concretas. O Deus Uno é para o iniciado - os muitos devem ter os Muitos. Deus tem de  encarnar-se, tem de ser feito homem antes de poder estar ao alcance da percepção do homem.


O relacionamento em termos de impressões é em muitos casos um relacionamento de fato quando estão envolvidos os santos católicos mais locais. Uma quantidade bem pequena de pesquisas arqueológicas serve para provar que os santos locais são em sua grande maioria divindades pagãs locais, ou divindades que mereciam importantes festivais locais, divindades que, com festivais e todo o resto, foram assimiladas pela Igreja Católica Romana quando esta se organizou no campo da atividade missionária.


Havia muita sabedoria nisso, porque as divindades locais e seus festivais eram uma fonte de renda para os moradores, e sua abolição teria provocado não somente dificuldades locais como resistência e rebelião. A coisa sábia, e simples, no trato com o povo ignorante, consistia em cristianizar a divindade e canonizá-la, bem como proporcionar-lhe uma lenda apropriada. Assim, as pessoas de idade se encarregavam do lucrativo negócio do festival-com-feira, sendo os jovens entretidos com a lenda; e todos ficavam felizes à sua maneira simples, e numa geração a conversão se efetuava sem que se infligissem dificuldades a quem quer que fosse. A Igreja Católica Romana é uma Igreja muito sábia; ela adapta os seus métodos à natureza da mente humana em vez de tentar alterar a natureza do homem daquilo que é para o que deve ser como passo preliminar para a salvação.


Nas fés pagãs prevalecem os mesmos princípios. A alma simples gosta de deuses, de uma multiplicidade deles, com todos os sabores e com muito colorido; mas o homem instruído e ponderado desenvolve a Idéia do Deus por trás dos deuses, do Criador e Mantenedor, Cuja natureza determina a natureza de Sua criação; o bem-estar do homem, neste mundo e no próximo, depende da relação correta com esse Criador. Não se trata de um Deus Que se contente com oferendas queimadas, mas um Deus Que exige uma vida de retidão.


O judaísmo monoteísta muito se assemelha em espírito, em seu lado ortodoxo, com o cristianismo protestante, que na verdade retira a sua inspiração muito mais do Antigo Testamento do que do Novo Testamento. Mas o judaísmo místico, o judaísmo da Cabala, conhece os Dez Arcanjos Sagrados, os espíritos que ficam diante do trono, bem como inúmeros coros de anjos, que são seus servos. Trata-se da exata analogia com os santos e deuses de outras fés. E a tal ponto que existe o que recebe o nome de tábuas de correspondências: nelas, os santos, deuses e anjos são classificados em suas respectivas categorias: e nenhum estudioso sério, tendo diante de si os fatos, cuida de refutar essa classificação, dado o pouco atrativo que ela pode representar para uma mente que vê apenas um lado, uma mente para a qual a verdade foi transmitida, de uma vez por todas, em sua pequena Betel de teto de zinco.


Para compreender o ponto de vista de alguém, temos necessidade de nos colocar em seu lugar e entrar ai imaginativamente, ainda que não simpaticamente. Devemos muitas de nossas concepções errôneas da fé de outras pessoas ao fato de os primeiros tradutores de seus livros sagrados serem em muitos casos missionários cristãos, que reservavam para a expressão de seus próprios ensinamentos todas as palavras de sentido laudatório, empregando para os ensinamentos dos oponentes, mesmo quando esses ensinamentos eram idênticos aos seus em pontos específicos, palavras com associações depreciativas. Se as palavras que foram traduzidas como deuses tivessem sido traduzidas por arcanjos, como o deveriam, teríamos tido uma compreensão muito melhor com alguns de nossos vizinhos religiosos, se bem que não poderíamos ter contribuído com tanta liberalidade para as sociedades missionárias quanto o fizemos se tivéssemos sabido que a luta espiritual desses nossos irmãos nada tinha de desesperada.


As diferentes grandes fés evoluíram em épocas diferentes da história do mundo, representando diferentes estágios de desenvolvimento espiritual. Quem fez estudos de ciência esotérica sabe que os diferentes níveis de consciência que correspondem aos diferentes planos se desenvolveram em épocas sucessivas da evolução cósmica. Se as grandes fés fossem examinadas do ponto de vista da consciência - isto é, antes da perspectiva da psicologia do que da teologia -, descobriríamos que elas correspondem a essas diferentes fases de desenvolvimento.


Cada religião é construída a partir da base deixada pela sua predecessora, mesmo quando a repudia, e repudia todas as suas obras, e vê os seus deuses como demônios. Cada religião tenta dar uma resposta completa ao enigma da Esfinge. Mas é preciso recordar que o enigma da Esfinge apresentava quatro partes, e em geral se descobre que cada nova fé vem a responder a uma ou a outra parte do enigma, deixando intocado o resto do problema. Assim sendo, cada fé se especializa e tende ao mesmo tempo a se tornar unilateral.


Descobriremos que a fé mantida como a religião exotérica oficial de sua raça é a fé que fala à mente consciente do homem; que a sua religião pessoal, caso ele tenha uma, é o produto de sua mente supraconsciente; e que a religião popular primitiva de sua raça governa a sua mente inconsciente, preenchendo-a com os seus símbolos e imagens. O passado racial permanece vívido na mente subconsciente de cada um de nós, como o reconhece a escola de psicologia de Zurique: mas ela pode ser evocada a assumir aparência visível de uma maneira com a qual não está acostumado nenhum psicólogo ortodoxo. É a evocação do passado racial que constitui a chave de certas formas de magia cerimonial que têm como meta evocar os Principados e Potestades.


Os diferentes deuses e deusas de uma fé politeísta, ou os anjos e arcanjos de uma fé monoteísta, não são criações divinas nem produtos arbitrários da imaginação. São criações das criaturas moldadas em substância astral de uma maneira bem conhecida pelo esoterista e animadas por forças cósmicas. Uma força cósmica sem forma astral não é um deus: nem o é uma forma divina animada por uma força cósmica. Quando uma força cósmica de tipo puro, isto é, com uma única modalidade específica de atividade, não contaminada por nenhum tipo estranho de energia que a desvie de sua meta única, é corporificada numa forma mental-astral de natureza apropriada, que propicie alcance a suas atividades, temos o que recebe o nome de Elemental artificial. Quando a forma-pensamento em que ocorre a corporificação é constituída pelos esforços conjuntos da mente grupal de uma raça, sendo animada por uma das modalidades primárias de energia cósmica, temos aquilo que algumas fés chamam de deus e outras de arcanjo.


Logo, um deus é um Elemental artificial de um tipo bastante potente, construído durante longos períodos de tempo por gerações sucessivas cujas respectivas mentes advieram do mesmo molde. Trata-se pois de uma forma de tamanha potência que nenhum evocador pode alimentar a esperança de dominá-la da maneira como o faria caso se tratasse de um Elemental criado por ele mesmo. Este último deve entregar-se à influência dessa forma e permitir-lhe dominá-lo caso ele pretenda evocá-la à manifestação visível. O próprio operador é o canal desta evocação. É em sua imaginação que a imagem tanto do deus como do elemental se constitui, e é o aspecto correspondente de sua própria natureza que proporciona à forma a força que a anima. No entanto, quando se trata de um Elemental artificial, a totalidade da força tem uma derivação subjetiva; no caso de um deus, forças objetivas raciais, cósmicas, passam pelo aspecto corres¬pondente da natureza do operador com vistas a animar a forma em questão.


Na grande maioria dos casos de magia evocativa, a forma é construída no plano astral e só pode ser concretamente vista pelo clarividente, ainda que toda pessoa sensitiva possa sentir-lhe a influência. Só quando há um médium materializador como membro do círculo pode a materialização ocorrer, tornando-se a forma evocada visível aos olhos físicos. Pode-se induzir um tipo tênue de forma a se constituir usando certas substâncias que produzem ectoplasma, sendo a principal delas o sangue fresco; também é possível empregar excrementos com esse mesmo propósito. Mas há necessidade de uma considerável quantidade dessas substâncias desagradáveis para se obter uma forma dotada de algum grau de definição, sendo a sua virtude fugidia, dado que o ectoplasma se terá desfeito à altura em que o calor do corpo tiver desaparecido. Por conseguinte, para todos os propósitos práticos, esses materiais não são úteis para o operador sob as condições normais da vida civilizada; nem é possível, por meio deles, induzir à manifestação um tipo muito elevado de presença. É no entanto necessário mencioná-los dado que o fato de eles emanarem ectoplasma explica alguns fenômenos patológicos ocultos. Há ainda aqui um campo de pesquisas para o estudioso cientista que disponha dos equipamentos de laboratório necessários, ainda que, por motivos óbvios, os materiais aludidos não se prestem a demonstrações em salas de estar nem a operações em círculos domésticos.


É digno de nota, em conexão com isso, que a constipação, que se define como o acúmulo de uma grande quantidade de excrementos no interior do corpo, costuma ser identificada em casos de alucinação obsessiva, algo que desaparece imediatamente com o exorcismo de um purgante, sendo provável que o acúmulo de fezes constitua a base física da entidade responsável pela obsessão.

(...)
Os diferentes deuses e arcanjos dos diferentes sistemas, egípcio, grego, caldeu, nórdico, que são nativos da nossa cultura, representam as formas de pensamento raciais constituídas a fim de agir como veículos dessas forças cósmicas primordiais. Como têm o caráter da fé primeva de nossa cultura racial, os seus símbolos se acham profundamente ocultos na mente subconsciente de cada um de nós, sendo inteiramente inerradicáveis e capazes de ser evocados ã atividade consciente mediante o uso dos meios apropriados.


Todos os panteões pagãos contêm os mesmos fatores devido ao fato de todos sem exceção ter de atender ás necessidades de uma natureza humana que não exibe tantas variações em termos de seus ingredientes de raça para raça e de época para época, mas cujas variações decorrem tão-somente da proporção especifica de cada ingrediente com que são de modo geral compostos. O norte tem mais cabeça e o sul, mais coração: o leste tem mais intuição e o oeste, mais determinação: porém nem a cabeça nem o coração estão inteiramente ausentes de nenhuma raça na superfície da terra. Em conseqüência, os sistemas são construídos e especializados de acordo com o temperamento do povo a cujas necessidades atendem.


Disso decorre que, quando desejamos realizar um rito de qualquer tipo dado, julgamos conveniente escolher, um método que seja o mais apropriado às necessidades do momento e à nossa própria inclinação de temperamento.
A magia caldéia da cabala atrai pessoas imbuídas de um monoteísmo estrito e que consideram como demônios todos os objetos de adoração dotados de nomes pouco familiares. A magia egípcia atrai aqueles que têm uma mentalidade metafísica, assim como os métodos do Mistério Grego atraem os temperamentos artísticos, dado que as invocações gregas dependem da música e do movimento no tocante à sua eficácia.


Esses três sistemas formam a base primordial de nossa Tradição Ocidental; representam ademais os seus aspectos mais altamente desenvolvidos. Não obstante, para todos os propósitos práticos, eles apresentam inúmeras dificuldades de emprego, e as pessoas que experimentam utilizá-los costumam obter efeitos não mais que parciais exceto quando são obreiros sobremodo avançados ou então quando são dotados de uma atitude e de uma afinidade naturais especiais para a tradição especifica de acordo com a qual estão operando.


A razão para isso não é difícil de desvendar. Nenhum desses métodos foi naturalizado em nossas ilhas [do Reino Unido], não nos sendo pois dado encontrar um lugar sagrado no qual fazer os contatos numa atmosfera preparada em que o véu seja tênue e em que o primeiro degrau da escada de Jacó se apóie sobre terreno firme. Acresce que o subconsciente racial, ainda que contenha todos os elementos representados pelos deuses e deusas exóticos (dado que não somos feitos de uma argila especial e peculiar que nos distinga do resto da humanidade), não traz em si os símbolos que evocam essas divindades na forma em que foram erigidos no subconsciente racial das raças que estavam habituadas ao seu uso cotidiano como objetos de adoração. O fato de podermos usar os seus símbolos decorre apenas do fato de essas raças terem desaparecido e de as suas culturas se terem desintegrado: porque, caso fosse vivo, o sistema nos impediria de modo automático o acesso aos seus recintos reservados, a não ser que nos tivesse sido conferido o direito de ingresso.

É por esse motivo que nunca podemos operar um sistema vivo de magia com eficácia se não tivermos sido investidos de seus graus. Os sistemas do Vodu e do Tantra são sistemas vedados ao europeu, ao passo que os sistemas egípcio e caldeu são sistemas abertos que podem ser praticados por todos quantos tenham condições para isso, visto que os seus sacerdotes estão mortos e os seus templos se acham expostos ao sol e ao vento, não havendo quem guarde os seus mistérios de profanação, excetuando as forças intrínsecas desses mesmos mistérios. Mas estas são vigias sobremodo efetivas para todos os propósitos práticos já que, se não podem impedir o blasfemo de, por assim dizer, fazer um primeiro avanço, dificilmente vem ele a fazê-lo novamente, dado que as forças que evocou e profanou o levam à destruição.


Mas qual o motivo de devermos considerar como um demônio uma divindade ultrajada? O fato de uma força objeto de abusos se voltar contra o usuário não a caracteriza necessariamente como força do mal. Nunca terá sucedido de alguém ingerir uma dose excessiva, e por isso venenosa, de alguma droga? Ou levado um choque ao tocar a chave de força errada? Ou então calculado erroneamente a temperatura de um objeto e queimar os dedos? Se baníssemos do uso humano, por perigoso, todo objeto ou substância que se tenha revelado em alguma circunstancia nocivo, teríamos de existir no vácuo.


Essas forças, contudo, quando tratadas com reverência e compreensão, e depois de se proceder à purificação que o seu culto exige, ainda podem exercer a sua antiga influência sobre o fiel, abençoando-o e iluminando-o nos termos da natureza que as caracteriza e de acordo com a capacidade de reação do fiel.
Essas grandes potências, assim tratadas, têm infinitas possibilidades de fazer que o bem incida sobre a consciência e a vida social; e isso é especialmente o caso em nossa moderna civilização urbana, na qual se perderam os contatos com a natureza, tendo eles sido relegados ao esquecimento - sendo uma conseqüência disso o fato de a mente subconsciente de homens e mulheres ser tão danosos quanto o são estábulos sem higiene. Precisamos que a luz e o ar da atenção consciente sejam voltados para a nossa celeridade subconsciente e que a vassoura da santificação espiritual faça um a rigorosa limpeza de seus detritos e refugos acumulados. Nada há na natureza humana de intrinsecamente impuro, apesar de Santo Agostinho, mas há nela grande número de elementos que seriam atingidos pela gangrena e apodreceriam se os empurrássemos para baixo do limiar da consciência e nos sentássemos sobre a tampa. Julgar que há nela algo de intrinsecamente impuro constitui um falso conceito da natureza humana que se desenvolveu a tal ponto que veio a ser o que há de pior nesta mesma natureza.


Quando nos pomos a negar o lado natural de nossa natureza, assemelhamo-nos à mulher que não limpa uma pia entupida porque esta é demasiado suja para se pôr a mão. Mas a pia só se acha pútrida devido à maneira como a mulher em questão a conservou. Pode ser desagradável estar ás voltas com isso quando se põe a mão pela primeira vez e se faz a limpeza, mas, uma vez que a pia esteja limpa, nunca mais haverá necessidade de deixá-la ficar nessas mesmas condições; mas essa pia será uma fonte de envenenamento de todo o lar até que a mulher dela se ocupe.


Os pagãos agiram com acerto quando deificaram e santificaram todos os aspectos do mundo natural e da natureza humana. Os romanos chegaram ao ponto de adorar Cloaca, a deusa dos limpadores de esgotos e dos varredores de rua, que eram muito mais limpos e higiênicos em seus hábitos do que as gerações que os sucederam, gerações cujos santos se recusaram a limpar por amor a Deus.
Cumpre resgatar a reverência pelas coisas naturais, bem como o respeito pelo corpo e por suas funções; cumpre ainda adorar Deus tornado manifesto na natureza, mesmo que Ele assuma a forma de Cloaca, se é nosso desejo ser dotados de alguma real saúde mental, corporal ou doméstica e retornar quais filhos pródigos ao seio de nossa Grande Mãe, único lugar em que se pode encontrar a cura para as enfermidades advindas do excesso de civilização e da deficiência de sol e de ar.

Fonte: "Aspectos do Ocultismo"- Dion Fortune. Ed.Pensamento

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