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O ÚLTIMO DOS MORTAIS


leonne

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O ÚLTIMO DOS MORTAIS

O homem triste morava em pequenina água--furtada, na parte superior de velha casa em ruínas. Pardieiro

sem dono. Paredões sem ninguém. Era tão pobre que podia comer somente algumas batatas por dia.

Sentia-se desditoso.

Supunha-se o último dos mortais.

Contudo, era firme na fé e orava, quase com orgulho, todas as noites.

— Deus de Bondade, dos aflitos da Terra sou o maior.

— Deus de Bondade, graças te dou por ainda me alimentar com algumas batatas por dia.

Dois anos passaram, quando, ao sentir-se mais aflito e mais infeliz, resolveu partir no rumo de outras terras.

Ele, que sempre saía na direção do quintal à procura das raízes que o sustentavam, desta vez saiu do lado

oposto, no propósito de partir.

Ao descer o último aclive, ouviu vozes.

Alguém gemia e voltou-se para ver.

Só então pôde verificar que um aleijado, em chagas, morava embaixo, sobre um leito de palha e lama,

vivendo quase que somente das cascas de batata que ele atirava fora...

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